Do teu olhar a doce claridade
Deu novo rumo á minha triste vida,
Abriu-me a alma á luz da immensidade,
Tornou-me a esp'rança ha muito foragida.
E hade talvez, atroz preversidade!
Lançar de novo a alma redemida
Entre os fataes escombros da saudade
Essa que foi por mim compadecida?
Mostrar o sol a quem vive na treva
E lançal-o, depois, á noite escura,
Fugir de Adão a delicada Eva...
Senhora minha, se é assim tão dura
A consciencia que d'amor me enleva,
Será eterna a minha desventura.