Tem teu nome a estranha graça
De uma galga verde, estranha.
Certo langor te adelgaça,
Certo encanto te acompanha.
És velada, quebradiça
Como teu nome é velado.
Certa flor curiosa viça
No teu corpo edenizado.
Chamam-te a Inês dos quebrantos,
A galga verde, a felina,
Amaranto de amarantos,
Das franzinas a franzina.
Teus olhos, langues aquários
Adormentados de cisma,
Vivem mudos, solitários
Como uma treva que abisma.
Tua boca, vivo cravo
Sangüíneo, púrpuro, ardente,
De certa forma tem travo
Embora veladamente.
És lírio de velho outono,
Meiga Inês, e de tal sorte
Que já vives no abandono,
Meio enevoada da morte.
Teu beijo, do rosmaninho
Tem o sainete amargoso...
Lembra a saudade de um vinho
Secreto, mas venenoso.
Por um mistério indizível
Não te é dado amar na terra.
Vem de longe o Indefinível
Que os teus silêncios encerra!
Deus fechou-te a sete chaves
O coração lá no fundo...
Mas deu-te as asas das aves
Para irradiares no mundo.