Caminhar! caminhar!... O deserto primeiro,

O mar depois... Areia e fogo... Foragida,

A tua raça corre os desastres da vida,

Insultada na pátria e odiada no estrangeiro!

Onde o leite, onde o mel da Terra Prometida?

- A guerra! a ira de Deus! o êxodo! o cativeiro!

E, molhada de pranto, a oscilar de um salgueiro,

A tua harpa, Israel, a tua harpa esquecida!

Sem templo, sem altar, vagas perpetuamente.

E, em torno de Sião, do Líbano ao mar Morto,

Fulge, de monte em monte, o escárnio do Crescente:

E, impassível, Jeová te vê, do céu profundo,

Náufrago amaldiçoado a errar de porto em porto,

Entre as imprecações e os ultrajes do mundo!

(As Viagens,III )