1. Jezu, quem me acode,
Que hum valente me mata de amores
2. Prendãome esta ingrata,
Que de amor, & siumes me mata.
3. Acudi senhores,
Que me dà dentro na alma os golpes.
4. Quem dà vozes?
1. Huma alma rendida,
A que amor, que he forte
Tras a dezafio
Ao campo esta noite
2. Acudi, pastores,
Que o veneno entre flores se esconde.
4. Quem dà vozes.
3. Hum amante fino
Cujo peito nobre,
Dissimula offensas,
Tiranias sofre.
2. Acudi, senhores,
Que as entranhas, & o peito me rompe.
4. Quem dà vozes?
1. Huma alma abrazada,
2. Hum amante pobre,
1. De amores perdida,
2. Perdido de amores,
1. Que me trouxe ao campo,
2. Que ao campo me trouxe,
1. Esta noite ao frio,
2. Ao frio esta noite,
3. Qual a cauza ha sido,
1. Siumes, & amores,
Que amor, & siumes
Nunca estão conformes.
2. Ay que estou ferida!
1. Ay que sinto as dores!
Prendãome esta ingrata
2. Jezu, quem me acode?
3. Donde estão as armas,
Que dizeis, que esconde?
2. Quem as mãos tem prezas,
Que armas uzar pode?
3. Como esta ternura
Render almas soube?
1. Ay que isso me mata.
Jezu quem me acode?
3. Acudi, pastores,
4. Quem dà vozes?
3. Huns amores dalma,
Huma alma de amores,
Que se dão batalha
No campo esta noite
4. Valhate Deos por Menino
Por Homem
Que feres, que matas, que abrazas
De amores,
Valhate Deos por Menino
O que pòdes,


Coplas.


Bello Menino de flores,
Meus amores, quem presume,
Que eu vos mate de siumes,
Se vòs me matais de amores?
Se tendes tantos valores,
Que venceis quanto quereis,
Que fazeis se me venceis?
Quando estou tão derretida,
Tão postrada, & tão rendida,
E por vòs gloria na morte,
Valhate Deos por Menino, por Homem.

Despido estais, & he grandeza,
Dessa belleza alentada,
Que a belleza he como a espada,
Que mata nua a belleza,
Ocioza està a destreza,
Quando rayos fulminais,
Com que as almas abrazais,
Pois que em valentes ensayos,
Quando despedis os rayos
Dos olhos, cauzais desmayos,
Que resistirse não podem,
Valhate Deos, &c.

Mas vede, inda que sois forte,
O que fazeis em nacer,
Que dizem que vem a ser
O nacer cazo de morte;
E se a vida he desta forte,
Que por quem naceis morreis,
Matarme quando naceis;
Que he certo minha ternura,
Que eu terei vida segura,
E estareis à dependura,
Por livrarme de hum garrote,
Valhate Deos, &c.

Mas pois não ha rezistencia,
E levais desta alma a palma,
Façamos pazes minha alma,
Não aja não mais pendencia.
Porem se esta competencia
He doce guerra de amor,
Nunca se acabe, Senhor.
Que dis quem de amores sabe,
E he razão que em amor cabe,
Se guerra amor, nunca acabe,
Antes dure mais que os bronzes
Valhate Deos, &c.