137034S. Mattheus - Capitulo XVJoão Ferreira de Almeida
ENTONCES se chegaraõ a Jesus certos Escribas e Phariseos de Jerusalem, dizendo:
Porque teus discipulos traspassaõ a tradiçaõ dos anciaõs? pois se naõ lavaõ as maõs, quando comem pão.
Porem respondendo elle, disselhes: Porque vosoutros traspassais tambem o mandamento de Deus, por vossa tradiçaõ?
Porque Deus mandou, dizendo: Honra a teu pae, e a tua mae: e, quem mal disser a o pae, ou á mae, morra de morte.
Mas vosoutros dizeis: Qualquer que a o pae, ou á mae disser; offerta he tudo o que de my aproveitar te puder; e em maneira nenhuã a seu pae, ou a seu mae honrar, desobrigado fica.
E assi invalidastes o mandamento de Deus por vossa tradiçaõ.
Hypocritas, bem prophetizou Isayas de vosoutros, dizendo:
Este povo com sua boca se achega a my, e com os beiços me honra: mas seu coraçaõ está longe de my.
Mas em vaõ me honraõ, ensinando por doutrinas os mandamentos dos homens.
E chamando a companha a si, disse-lhes: Ouvi e entendei.
Nao he o que na boca entra, o que a o homem contamina: mas o que da boca sai, isso contamina a o homem.
Entonces chegando se seus discipulos a elle, disseraõ-lhe: Sabes que os Phariseos, ouvindo esta palavra, se escandalizáraõ?
Mas respondendo elle, disse: Toda pranta, que meu Pae celestial naõ prantou, será desarraigada.
Deixae os, guias saõ cegas de cegos: e se o cego guiar a o cego, ambos cairáõ na cava.
E respondendo Pedro, disse-lhe: Declara nos esta parabola.
Porem Jesus disse: Até vosoutros estais ainda sem entendimento?
Naõ entendeis ainda, que tudo o que na boca entra, vai a o ventre, e se lança na privada?
Mas o que sai da boca, procede do coraçaõ; e isto a o homem contamina.
Porque do coraçaõ procedem maos pensamentos, mortes, adulterios, fornicaçoens, furtos, falsos testimunhos, blasfemias.
Estas cousas saõ as que a o homem contaminaõ; mas comer sem lavar as maõs, naõ contamina a o homem.
E partindo se Jesus d'ali, foyse para as partes de Tyro, e de Sidon.
E eis, que huã mulher Cananea, que tinha saido d'aquelles termos, clamou-lhe, dizendo: Senhor, Filho de David, tem misericordia de my; que minha filha está miseravelmente endemoninhada.
Mas ellenaõ lhe respondeo palavra. E chegando se seus discipulos a elle, rogaraõ-lhe, dizendo: Deixa a ir, que clama após nosoutros.
E respondendo elle, disse: Eu naõ sou enviado senaõ a as ovelhas perdidas da casa de Israël.
Entonces veyo ella, e o adorou, dizendo: Senhor, ajuda-me.
Porem respondendo elle, disse: Naõ he razaõ, tomar o paõ dos filhos, e lança-lo a os cachorrinhos.
E ella disse: Si, Senhor: porem tambem os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa de seus Senhores.
Entonces respondeo Jesus, e disselhe: O mulher! grande he tua fé; faça-se te como queres. E sarou sua filha desd'aquella mesma hora.
E partido Jesus dali, veyo a o mar de Galilea; e sobindo a hum monte, assentou se ali.
E viéraõ a elle muytas companhas, que tinhaõ com sigo mancos, cegos, mudos, aleijados, e outros muytos; e os lançaraõ a os pees de Jesus, e curou os.
De tal maneira, que as companhas se maravilhavaõ, vendo fallar a os mudos, saõs a os aleijados, andar a os mancos, e ver a os cegos; e glorificavaõ a o Deus de Israël.
E chamando Jesus a si seus discípulos, disse: Tenho intima compaixaõ da companha, porque ja tres dias ha que comigo perseveraõ, e naõ tem que comer: e deixalos ir em jejum naõ quero, paraque naõ desmayem no caminho.
E seus discipulos lhe disseraõ: D'onde viriaõ a nos tantos paens no deserto, pera fartar tam grande companha?
E Jesus lhes disse: Quantos paens tendes? e elles disseraõ; sete, e huns poucos de peixinhos.
E mandou a as companhas que se assentassem pelo chaõ.
E tornando os sete paens e os peixes, e dando graças, partiu os, e deu os a seus discipulos, e os discípulos á companha.
E comeraõ todos, e fartaraõ se; e levantaraõ do que sobejou dos pedaços, sete cestos cheyos.
E eraõ os que tinhaõ comido, quatro mil varoens, a fora as mulheres e os meninos.
E, despedidas as companhas, entrou em hum barco, e veyo a os termos de Magdala.