ao utor.
NOVO Petracha, que outra Laura cantas
Mais bella, mais honasta,& ſoberana,
Que aquela de quem ja no lyra vfana
Ouuio o Sorga mavauilhas tantas.
Com tua frauta paſtoril incantas
As tubas immortais Grega,& Romana,
E a cytara tocando mais que humana
Febo em Teßalia, Orfeo em Tracia eſpantas.
Pois por ti dão tributo ao patrio Tejo.
O Sorga, o Tybre, o Meles, o Hebro,& o Xãſo
Não tens que arrecear do tempo os riſcos.
Que da fama o buril com nouo eſpanto
Por entalhar teu nome, abrindo vejo
Columnas de criſtal, de ouro obeliſcos.
CELIO de engenhos Rey cantor de Anfriſo
Por quem mil glorias luſitania eſpera
Que fizeſtes aos Anjos primauera
Dando ameno teatro ao paraiſo.
Com Angelica vox, celeſte aviſo
Fugir nos enſinais da priſaõ fera
Onde a alma eſperando deſeſpera,
E onde o prazer he breue,& falſo o riſo.
E pois com voßas partes taõ diuinas
O Ceo vos quis fazer hum Anjo humano
Tambem no doce canto o ficais ſendo.
Viuei, viuei, o Celio ſoberano
que piramides de ouro peregrinas
Vos eſta voßa fima prometendo.
ao Autor Soneto.
IA nam celebre a fama a acorde Lira
Que eſpanto deu a mais confuzo eſpanto
Liurando em premio de infernal encanto
Aprenda conjugal por uem ſuſpira
Ia não (pois de igualarnos ſe retira)
Illustre Veiga ſe eternize tanto
Do doce Amphion o ſonoro canto
Cedendo ao voſſo que a immortal aſpira
Ià Apolo amante fiel de Daphne eſquina
Da rama (incendio hum tempo a ſeu deſejo)
Vos coroa,& por digno vos aclama.
Pois cantando fazeis que eterna viua
No mundo a gloria do ſagrado Tejo.
De Amphrizo a Lira,& de ſua Laura a fama.
Ode.Pello Lecenciado Manoel
VOS que extinguir tentais a ſede ardente
Na Caſtalia corrente.
Vos que eſgotar quereis a alta armonia
De Melica poeſia:
Flores contais no Ceo,no campo eſtrellas,
scintillantes,ſe bellas.
Não leuando por lingoa em patria eſcura
eſta loquax pintura.
Do Luſitano Pindaio eſte he o Rio.
Em que ſe bebe Clio.
De Aganippèos criſtais eſtas as fontes..
Que manaõ Anacreontes,
Não vedes reluzir as bagas de ouro
Do pacifico louro,
Que em parte ouro,& neue em parte enlaça
Deſte Filho de Graça?
Vede a nuuem que enuolta em reſplandores;
Lhe da chuua de flores,
E como acclamão nella o Amor & o Riſo,
Viua Laura de Anfriſo.
Eftas as glorias ſão que aâ voſſa pena
O Fado agora ordena,
Spirito gentil,em quem phebo reſpira,
Por quem Pallas ſuſpira
Mas que furor me enleua o penſamento?
Que ſuaue tormento?
Com ferreo ſtillo em bronze eterno a fama
(Acção de quem bem ama)
Ia vos eſculpe com ſplendor de gloria
No Templo da memoria.