A iniciativa empresarial feminina editar

Ousadia, inovação e empreendedorismo foi a combinação de virtudes que assegurou a Leonor Honorê Viero uma posição de destaque na sociedade cascavelense, que a considerou a primeira empresária modernizadora do município, iniciado em 1952.

Nascida em Ponta Grossa a 24 de Fevereiro de 1926, filha de Fritz Waldemar Honorê e Amasília de Campos Lima, Leonor se casou em 1953 com Alfeo Viero, empresário dos transportes rodoviários e desportista, de origem gaúcha.

Nesse mesmo ano os Viero decidiram vir morar e trabalhar em Cascavel, provenientes de Guarapuava. Leonor assumiu a gerência comercial da empresa Oeste de transportes coletivos, da qual o marido Alfeo era sócio. A Oeste viria se tornar mais tarde a base da Empresa Princesa dos Campos.

“Cascavel na época era uma cidade muito pequena, quase sem recursos, mas já então me sentia atraída por ela. Quando ainda era criança, meu pai falava muito sobre a cidade”. O pai, Fritz Honorê, um dinamarquês encantado com o Paraná, fazia relatos otimistas sobre a realidade e o grande potencial de Cascavel.

Ele conhecia bem a região: foi o engenheiro que na comissão do então coronel Mário Tourinho, que viria a ser governador revolucionário do Paraná, elaborou o traçado da estrada que ligou Guarapuava a Foz do Iguaçu. A influência do pai, portanto, pesou na decisão de Leonor e seu marido Alfeo ao escolher Cascavel para fixar residência e iniciar empreendimentos.

Leonor era professora primária quando se casou com Alfeo Viero, com quem viria a ter os filhos Alfeo Viero Filho e Loriane. A família já conhecia em Cascavel o pioneiro Dionísio Faé. Depois de sua atuação no setor comercial do transporte rodoviário, Leonor, com a irmã Selma Fagundes, organizou a primeira butique de Cascavel, na rua sete de Setembro, onde hoje é a loja Sapattus, diante da atual Bigolin.

A bicicleta da moda editar

A Americana Modas foi uma das empresas representativas da modernização de Cascavel. Leonor comprava as roupas em São Paulo e as promovia em concorridos desfiles de moda, trazendo as principais atrações do eixo Rio–SP.

“Como em Cascavel não existia nada em termos de moda, resolvemos abrir a butique Americana Modas”, contou Leonor ao jornal Prisma Cascavel, em 1993. “Por incrível que pareça, as mulheres aqui não conheciam nem o sutiã De Millus, um artigo mais sofisticado. Também trazíamos do Rio e São Paulo os últimos lançamentos da moda. No início, antes de investir na loja, fazia visitas nas casas de minhas clientes com uma bicicleta”.

Além de professora, Leonor foi também animadora de programa infantil de rádio e se destacou na comunidade pela prestação de assistência social, antecipando a atual onda de responsabilidade social, no apoio aos dependentes químicos e às crianças órfãs, através do Recanto da Criança, criado pela comunidade sob a liderança do juiz Elio Enor Engelhardt.

No Tuiuti Esporte Clube, foi uma das fundadoras do Grêmio das Orquídeas – o departamento feminino do clube. Pelo conjunto de sua participação comunitária, Leonor recebeu homenagem pelo dia Internacional das Mulheres, em março de 1996, em Curitiba, em promoção realizada pela Secretaria de Estado da Cultura, sendo-lhe conferida pela ex-primeira dama do estado, Fanny Lerner, placa comemorativa como Pioneira da Cultura, em evento realizado no Palácio Iguaçu.

Seu marido Alfeo Viero nasceu em 24 de agosto de 1922 em Erechim (RS), filho de Julio e Dileta Viero. Eletricista e empresário do transporte rodoviário, montou em Cascavel uma oficina própria. Desportista, foi goleiro do Tuiuti Esporte Clube e também treinador de equipes de futebol, tendo começado como jogador no clube Lobo Solitário, de Guarapuava. Morreu em 17 de novembro de 1983.

As costureirinhas editar

Ao lembrar o empreendedorismo de Leonor Viero, cabe também uma lembrança às costureiras anônimas que faziam roupas para a família e para os vizinhos. Dentre as costureiras mais afamadas em Cascavel, Inês Bartnik era uma das mais requisitadas logo no início da formação da cidade. Nicalor Teixeira, que se casaria com Augusto Dudczak, costurava e também ajudava os pais na panificadora da família. Etelvina de Jesus Miranda, mãe do cabeleireiro Bastroco, e Hilda Hausen Formighieri, esposa de Eurides Formighieri, o primeiro delegado de polícia do Município, foram duas das mais conhecidas artistas da agulha e do pano.

O dinamarquês que amou o Paraná editar

Fritz Waldemar Honorê, pai da empresária cascavelense Leonor Honorê Viero, nasceu em Frederícia (Dinamarca) a 19 de fevereiro de 1881. Filho de um próspero industrial de Copenhague, Peter Honorê, e de Else Margrethe Sorensen, formou-se em Engenharia na Escola Real de Artes e Ofícios da capital dinamarquesa, graduação equivalente hoje ao título de arquiteto. Seu neto Alfeo Viero Filho hoje também trabalha na área de arquitetura.

Após a I Primeira Guerra Mundial, no início da década de 20, veio para a América do Sul como correspondente de um jornal. Depois de passar por Buenos Aires e Rio de Janeiro, Honorê veio para a então província do Paraná, aonde conheceu Amasilia de Campos Lima. Fixando residência em Ponta Grossa, trabalhou como construtor de diversas obras.

Com o general Mário Tourinho, participou da construção do quartel de Guarapuava. Posteriormente foi chamado pelo filho de Mário Tourinho – o general Luiz Carlos Tourinho –, para as obras de construção da estrada que ligaria Guarapuava a Foz do Iguaçu, na década de 50.

(Fonte: Alceu A. Sperança, jornal O Paraná, seção dominical Máquina do Tempo)