Amo-vos a todas vós, Raparigas[1], porque nós Dos quinze aos vinte solteiros, Borboletas dos rosais, Somos todos bandoleiros, Como foram nossos pais, Depois de nossos avós.
Amai-me, pois, todas vós, Porque, afinal como nós Dos quinze aos vinte solteiras, Lindas flores dos rosais, Sois tão boas bandoleiras, Como foram vossos pais, Depois de vossas avós.
Agora... casando nós, Bem como casando vós; — Adeus vida de solteiros, Borboletas e rosais! E nunca mais bandoleiros! — E Deus vos guarde dos pais Que inda o são depois de avós...
- ↑ Amo-vos a todas vós, Raparigas, — vers. 1 e 2. etc. A respeito da palavra rapariga de que usou o sr. dr. Antônio Feliciano Castilho na esmerada tradução dos Amores de Ovídio, ouçamos o que diz, com aquele vasto saber e erudição de que é tão vantajosamente cheio, o seu digno irmão o sr. dr. José Feliciano de Castilho, em uma das preciosas notas da Grinalda Ovidiana, com que deu maior valor àquela tradução: “Rapariga! rapariga! Santo breve de marca! que palavra tão plebéia!” Sim?! Ora que tem, senhores acoimadores, que dizer de rapariga, para a proibirem aos poetas? quanto a nós, não só é palavra decente (não obstante o tomar-se em algumas partes de Portugal, como termo de pouco mais ou menos, no Brasil se atirar às escravas), senão que a temos por muito graciosa e eufônica. Não sabemos vocábulo nosso, dando sentido que traz, muitras vezes, nas poesias namoradas dos latinos, o diminutivo puella. Chamarem pobre à língua (que não o é), e depois quererem proscrever dela, sem nehuma razão, termos necessários, formosos e gentis, é contradição que não se absolve, etc, etc.”