De teus seios tão mimosos
Dá que eu goze o talismã!
Dá que ali repouse a fronte
Cheia de amoroso afã!
E louco nele respire
A tua malva-maçã!
Dá-me essa folha cheirosa
Que treme no seio teu!
Dá-me a folha... hei de beijá-la
Sedenta no lábio meu!
Não vês que o calor do seio
Tua malva emurcheceu?...
A pobrezinha em teu colo
Tantos amores gozou,
Viveu em tanto perfume
Que de enlevos expirou!
Quem pudera no teu seio
Morrer como ela murchou!
Teu cabelo me inebria,
Teu ardente olhar seduz,
A flor de teus olhos negros
De tu'alma raia à luz...
E sinto nos lábios teus
Fogo do céu que transluz!
O teu seio que estremece
Enlanguesce-me de gozo:
Há um quê de tão suave
No colo voluptuoso...
Que num trêmulo delíquio
Faz-me sonhar venturoso!
Descansar nesses
teus braços
Fora angélica ventura...
Fora morrer... nos teus lábios
Aspirar tu'alma pura!
Fora ser Deus dar-te um beijo
Na divina formosura!
Mas o que eu peço, donzela,
Meus amores, não é tanto!
Basta-me a flor do seio
Para que eu viva no encanto
E em noites enamoradas
Eu verta amoroso pranto!
Oh! virgem dos meus amores,
Dá-me essa folha singela!
Quero sentir teu perfume
Nos doces aromas dela...
E nessa malva-maçã
Sonhar teu seio, donzela!
Uma folha assim perdida
De um seio virgem no afã
Acorda ignotas doçuras
Com divino talismã!
Dá-me do seio esta folha
A tua malva-maçã!
Quero apertá-la a meu peito
E beijá-la com ternura...
Dormir com ela nos lábios
Desse aroma na frescura...
Beijando-a a sonhar contigo
E desmaiar de ventura!
A folha que tens no seio
De joelhos pedirei...
Se posso viver sem ela
Não o creio! bem o sei...
Dá-ma pelo amor de Deus,
Que sem ela morrerei!...
Pelas estrelas da noite,
Pelas brisas da manhã,
Por teus amores mais puros,
Pelo amor de tua irmã,
Dá-me essa folha cheirosa...
— A tua malva-maçã!