Se entre as louras areias
Do meu Jaquitinhonha, um Gênio erguido
Às Regiões alheias
Manda que em doce metro repetido
Hoje o teu nome leve,
Tanto à virtude, meu Beltrão, se deve.
Vejo a sórdida inveja
De ira morder-se, e as serpes sacudindo,
Por se tragar forceja;
De pejo e de vergonha em vão cobrindo
Co'as frias mãos ao rosto,
Geme a calúnia no mortal desgosto.
Vós, Gênios fortunados,
Que do Templo da Glória honrais a estância,
Os méritos sagrados
Cantai do bom Ministro: a constância,
A sábia fortaleza
É quem o guia na maior empresa.
Se os rígidos palmares
Da Iduméia consulto, o bravo Noto,
Os tormentosos ares
Não podem mais dobrá-los: zomba, imoto,
Nem às ondas tem medo,
Sobranceiro ao Egeu, firme penedo.
Tal a constância tua
Em meio foi dos pérfidos rumores;
A verdade, que, nua,
Derramava em teu rosto as vivas cores,
Sobre as aras decentes
Por triunfo mil troféus pendentes.
A vigilância, o zelo,
A retidão do espírito, elevada
Ao grau mais rico e belo,
Essa virtude, que nos traz provada
Em meio dos Tesouros
A sã virtude, que enobrece os Louros:
Tudo, tudo aparece,
Sábio Ministro, da vitória ao lado;
Atenas, que me oferece
No seu público Erário acreditado
Aristides, o justo,
Em ti acena o seu modelo augusto.
Mil vezes orgulhosa
Negra calúnia o seu desterro tenta;
A virtude preciosa
Contra o fero Temístocles sustenta,
Não há força que baste,
Não há poder que o peito lhe contraste.
Feliz o Rei, o Povo,
Feliz também de Têmis a balança
De um modo raro e novo
Nas tuas mãos eu vejo que descansa;
Aos prêmios, ao castigo
Se reparte sem queixa o braço amigo.
Ah! sinta a nossa idade
De um sangue ilustre, de um talento raro
A próvida igualdade!
Melhor do que nos mármores de Paro,
Em memória aos vindouros
T'eregue o Serro um Padrão nos seus Tesouros.