XVIII
Musa impassivel
O’ Musa, cujo olhar de pedra, que não chora,
Gela o sorriso ao labio e as lagrimas estanca!
Dá-me que eu vá comtigo, em liberdade franca,
Por esse grande espaço onde o Impassivel mora.
Leva-me longe, ó Musa impassivel e branca!
Longe, acima do mundo, immensidade em fóra,
Onde, chammas lançando ao cortejo da aurora,
O aureo plaustro do sol nas nuvens solavanca.
Transporta-me, de vez, numa ascensão ardente,
A’ deliciosa paz dos Olympicos-Lares,
Onde os deuses pagãos vivem eternamente,
E onde, num longo olhar, eu possa ver comtigo,
Passarem, atravez das brumas seculares,
Os Poetas e os Heróes do grande mundo antigo.