III
Os argonautas
A Carlos Coelho
Mar fóra, eil-os que vão, cheios de ardor insano.
Os astros e o luar — amigas sentinellas,
Lançam bençams de cima ás largas caravelas
Que rasgam fortemente a vastidão do oceano.
Eil-os que vão buscar noutras paragens bellas
Infindos cabedaes de algum thesouro arcano...
E o vento austral que passa em coleras, ufano,
Faz palpitar o bojo ás retesadas velas.
Novos céos querem ver, mirificas bellezas;
Querem tambem possuir thesouros e riquezas
Como essas náos que têm galhardetes e mastros...
Ateiam-lhes a febre essas minas suppostas...
E, olhos fitos no vacuo, imploram, de mãos postas,
A aurea bençam dos céos e a protecção dos astros...