Rita Rosa, camponesa,
Tendo no dedo um tumor,
Foi consultar com tristeza
Padre Jacinto Prior.
O Padre, com gravidade
De um verdadeiro doutor,
Diz: "A sua enfermidade
Tem um remédio: o calor...
Traga o dedo sempre quente...
Sempre com muito calor...
E há-de ver que, finalmente,
Rebentará o tumor!"
Passa um dia. Volta a Rita,
Bela e cheia de rubor...
E, na alegria que a agita,
Cai aos pés do confessor:
"Meu padre! estou tão contente!...
Que grande coisa o calor!
Pus o dedo em lugar quente...
E rebentou o tumor..."
E o padre: "É feliz, menina!
Eu também tenho um tumor...
Tão grande, que me alucina,
Que me alucina de dor...
"Ó padre! mostre o dedo,
(Diz a Rita) por favor!
Mostre! porque há-de ter medo
De lhe aplicar o calor?
Deixe ver! eu sou tão quente!....
Que dedo grande! que horror!
Ai! padre... vá... lentamente...
Vá gozando... do calor...
Parabéns... padre Jacinto!
Eu... logo... vi... que o calor...
Parabéns, padre... Já sinto
Que rebentou o tumor..."