CAPITULO XV Das freguesias do Cabo da Praia, Vila da Praia da Vitória e curatos do Porto Martins, Casa da Ribeira e Santa Rita Cabo da Praia Até 1850 esta freguesia abrangia o lugar do Porto Martins, que passou desde então a constituir um curato sufragâneo. É uma das freguesias mais antigas da ilha, e das que mais tem sofrido com os terramotos. Constituída já em freguesia no ano de 1545, foi totalmente destruída em 1614, conjuntamente com outras freguesias; e com o terramoto de 1841 sofreu grandes estragos, tornando-se mais notáveis os da igreja paroquial. Este templo, um dos maiores que se encontra hoje nas freguesias rurais da ilha Terceira, e que data de 1545, foi reconstruido no mesmo lugar depois do terramoto de 1614, sendo a capela-mor concluída em 1746 e o resto em 1767. Esta situada esta freguesia no extremo sul do extenso areal da Vila da Praia, e de distância de dezassete quilómetros, pouco mais ou menos, da cidade. É plana e possui também um pequeno areal, em continuação ao da Praia, e de onde se extrai a melhor areia branca pare adubo das terras, visto ser constituída pelas conchas microscópicas de moluscos marítimos. A sua paróquia, colocada ao centro da freguesia, é dividida interiormente em três naves. Na capela-mor está, ao centro, a imagem de Santa Catarina, orago da igreja, tendo aos lados São José e Santo António.


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A nave, do lado do evangelho, tem duas capelas, sendo: uma, do Sagrado Coração de Jesus, tendo à direita Nossa Senhora do Rosário, e à esquerda São João Baptista; na outra capela, estão as imagens de Nossa Senhora dos Milagres, tendo aos lados Santo Amaro e Santo Antão. Na outra nave lateral, existem também duas capelas; uma do Santíssimo Sacramento, e a outra das Almas, tendo a imagem de Santo Cristo. Possui também um coreto alto na nave do lado da epístola e a meio da igreja, onde está um harmonium. Próximo da igreja está o cemitério, com cento trinta e oito sepulturas. Esta freguesia comunica com a Vila da Praia da Vitória, pela estrada litoral; com a Fonte do Bastardo, pela Canada do Regelo e pela Canada do Nogueira; e com o Porto Martins pelo Caminho do Meio e do Recanto; e é atravessada por uma só ribeira denominada dos Lagos. Possui também os seguintes fortes, bastante arruinados: de São Bento, de Santa Catarina do Cabo da Praia e o de São José, mandados construir pelo governador Ciprião de Figueiredo, tornando-se notáveis os dois últimos no célebre e memorável combate da Vila da Praia, a 11 de agosto de 1829. A população desta freguesia é de 970 habitantes, distribuídos por 279 fogos. A sua indústria consiste no fabrico de bordados e tabaco e o comércio reduz-se à venda de cereais, vinho, azeitona e tabaco. Porto Martins A seguir ao povoado da Ribeira Seca, encontra-se, à beira-mar, o pitoresco lugar do Porto Martins, hoje curato sufragâneo do Cabo da Praia. Foi, noutros tempos, o lugar mais aprazível da ilha, quando os seus campos se encontravam cobertos de numerosas vinhas e árvores frutíferas, formando, por assim dizer, a adega da Vila da Praia e seus arredores. Este povoado assenta sobre um terreno formado de lava negra, vestígios das primitivas erupções vulcânicas dos Açores, a qual, começando mui próximo da igreja paroquial de Fonte do Bastardo, se estende até à beira-mar. A sua igreja principal, que é a de Santa Margarida, foi fundada em 1500 por Antónia dos Anjos de Macedo, instituidora do Recolhimento das Chagas da Vila da Praia; e como tivesse sofrido depois grandes estragos com o último terramoto, foi restaurada, e benta a 15 de fevereiro de 1852, quando o povoado passou a constituir um curato sufragâneo do Cabo da Praia. Mais tarde, em 1901, o Ex.mo Comendador José Coelho Pamplona, mandou reconstruir e ampliar este templo, à sua custa. Está situado a oitocentos metros, pouco mais ou menos, do extremo da Ribeira Seca, e a três quilómetros da igreja paroquial do Cabo da Praia. Tem


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uma só nave, e encontrando-se na capela-mor a imagem de Santa Margarida, orago da igreja, tendo aos lados, Santo Antão e São Vicente Ferreira. Além desta capela, existem mais duas: uma, do lado do evangelho, com as imagens de Nossa Senhora da Conceição e do Menino Jesus; e a outra, do lado da epístola, onde estão as imagens de São José e de Nossa Senhora dos Milagres. Por cima da porta principal corre um coreto alto, em toda a largura da igreja. Possui este povoado mais duas ermidas: uma de Nossa Senhora dos Remédios, com um só altar onde está a imagem da Virgem, e outra de Santo António com a imagem do seu orago. Neste povoado encontram-se ainda os restos de um forte, mandado construir por Ciprião de Figueiredo em 1581, com o nome de Nazareth. O Porto Martins comunica, com o Cabo da Praia, pelo caminho da beira-mar, e caminho do Barreiro; com a Ribeira Seca, pelo primeiro caminho e canada de Santo António; e com Fonte do Bastardo, pelo caminho do Lagedo. Não tem indústria especial, e o seu comércio principal é de vinho, muito apreciado em toda a ilha. Vila da Praia da Vitória A vinte quilómetros distante da cidade, e na parte mais oriental da ilha Terceira, ostenta-se a notável Vila da Praia da Vitória, de gratas recordações para a nossa história pátria. Foi na Vila da Praia que começou o movimento político contra a usurpação castelhana, após a aclamação de D. João IV em Lisboa, e à chegada de Francisco de Ornelas da Câmara à ilha Terceira; e foi ali também, que a causa da Liberdade se consolidou mais, com a célebre batalha de 11 de agosto de 1829. Instalados definitivamente os primeiros habitantes da ilha Terceira, passou Jácome de Bruges ao lugar da Praia, que lhe ficava mais próximo, e ali fixou a sua residência, juntamente com Diogo de Teive, passando a ser considerada como capital da ilha Terceira, a notável Vila da Praia, desde 1450 até 1474, em que foram estabelecidas as duas capitanias da ilha. Mais tarde, em 1480, pouco mais ou menos, foi elevada à categoria de Vila, que ainda conserva, e desde 1875, como cabeça de comarca, por Decreto de 17 de junho de aquele ano. Limitada, no seu princípio, a uma pequena extensão de terreno e muito à beira-mar, dentro em pouco teve de recuar para o interior, pois que o terramoto de 24 de maio de 1614, destruiu por completo todas as habitações, ao mesmo tempo que o mar invadia as casas que lhe ficavam mais próximas.


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Por ordem de Filipe III, então rei de Portugal, foi restaurada e melhorada a Vila da Praia, tornando a sofrer mais tarde novos e grandes estragos com os abalos de terra de 24 de junho de 1800, 26 de janeiro de 1801, e por último, o grande terramoto de 15 de junho de 1841, que a destruiu quase por completo, devendo-se a sua reconstrução ao benemérito e inolvidável Conselheiro José Silvestre Ribeiro. A Vila da Praia da Vitória constitui hoje uma pequena cidade, com trinta e três ruas e travessas bem construídas e alinhadas, cinco praças ou largos, com excelentes habitações particulares e alguns edifícios públicos, que passamos a enumerar. Câmara Municipal — Está situada no Largo Onze de Agosto, no seu lado ocidental, e para onde se sobe por uma larga escadaria exterior, tendo, sobre a porta principal, as antigas armas portuguesas. Os primitivos Paços do Concelho, foram no lugar das Barrocas, juntamente com a cadeia, mas a proximidade do mar fez com que se mudassem, ficando a Câmara onde hoje está, e a cadeia ao sul do mesmo largo, tendo sido construída em 1540, à custa de Antão Martins Homem, capitão do donatário na Praia, e por ordem do corregedor Jerónimo Luís, o Mau. É um edifício com péssimas condições higiénicas, e que ofusca a beleza do largo onde está. No edifício da Câmara, está montada uma biblioteca, criada em 1876 pelo Conselheiro José Silvestre Ribeiro. Hospício — Está situado na rua do mesmo nome. Em 1791 foi estabelecida uma roda de expostos na Vila da Praia, e em 1800 é que se construiu o edifício. Asilo de Mendicidade ou de D. Pedro V — Está situado no Largo do Conde da Praia da Vitória, numa parte do antigo Mosteiro da Luz. Este asilo foi fundado pelo governador civil Jácome de Bruges, 2.° Conde da Praia da Vitória, tendo sido dado o edifício por carta de lei de 23 de maio de 1864. Este mosteiro era dos mais antigos da Praia, e foi o primeiro convento de freiras nos Açores. Foi edificado primeiramente pelo capitão Antão Martins, filho de Álvaro Martins Homem, donatário da Praia, em 1483, no lugar onde existiu o Forte da Luz, sendo a primeira religiosa professa Catarina de Ornelas. Tendo havido, em 1676, grande enchente de mar, que entrou na cerca do convento, levando parte das muralhas e pondo em perigo o resto do edifício, pediram as freiras que lhes fosse dado outro terreno, ficando o novo edifício onde hoje está o asilo. Tendo sido extintos os conventos, D. Pedro IV fez dele doação à Misericórdia da Praia, por alvará de 30 de outubro de 1833, e só em 1840, depois de feitas as obras necessárias, é que mudaram para lá os doentes, onde


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estiveram até ao ano seguinte, em que o terramoto de 15 de junho o demoliu quase por completo. Mais tarde foi restaurado para servir de asilo. Neste convento existiam também as religiosas das Chagas, cujo convento fora fundado em 1543 por Domingos Homem e sua mulher Rosa de Macedo, defronte do Poço da Areia. Em 1568 passou a ser um Recolhimento, por ordem do Bispo D. Nuno Álvares Pereira; e em 1684 ficou quase em ruínas por causa de um grande incêndio, passando as recolhidas para o Mosteiro da Luz onde estiveram até 1833. Tribunal Judicial — Tendo sido criado em 1875, e não havendo para ele edifício próprio, foi instalado no do Mosteiro da Luz, ao lado do Asilo de Mendicidade. Alfândega — Foi criada em 1613. Tendo sido destruída pelo terramoto de 1614, foi reconstruida em 1632 por António Ferreira de Bettencourt, e está situada na rua da Alfândega, próxima ao areal. Não tem nada de notável exteriormente, parecendo-se mais com um edifício particular. Ali reside um guarda fiscal, encarregado do posto. Hospital da Misericórdia — Contíguo à igreja da Misericórdia, está o edifício do hospital, criado em 1492, e dirigido pela Mesa da Misericórdia fundada em 1521. É de pequenas dimensões, mas em bom estado de limpeza e em condições higiénicas regulares. Ocupa um só pavimento, e tem uma enfermaria para cada sexo, casa de operações que serve também de banco, e uma farmácia anexa. Hospital dos Lázaros — Situado no lugar denominado as Figueiras do Paim, foi criado este hospital em 1520 por Gonçalo Vaz Homem, ficando dependente do hospital que havia em Angra, até 1565, em que lhe foi dado regulamento próprio, pelo provedor dos resíduos Cristóvão de Mariz e aprovado por El-Rei D. Sebastião, ficando então independente. Igreja de Santa Cruz ou Matriz da Praia da Vitória — A fundação deste belo templo data de 1456, quando Jácome de Bruges se dirigiu para a Praia, a tomar conta da sua capitania, e foi sagrada no dia 24 de maio de 1517, pelo Bispo D. Duarte que viera de visita aos Açores. Tendo sofrido depois alguns estragos com os terramotos, foi reparada em 1577, mandando-lhe El-Rei as lindas portadas, que ainda hoje existem. Mais tarde, em 1810 e 1842 sofreu novos reparos por ter sido fortemente abalado pelos terramotos. O seu frontispício é elegante, e nele se admira a beleza das suas portadas, de forma ogival, ornada de colunatas. O interior deste magnífico templo, é assaz vasto e composto de três naves, podendo comportar mais de mil pessoas. O seu altar-mor é todo forrado, teto e paredes, de magnífica obra de


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talha, toda dourada, tendo por cima do camarim a Veneranda Cruz, orago da igreja, e abaixo, a imagem da Virgem. Junto deste altar, e do lado do evangelho, está enterrado um pequeno cofre com relíquias, ali colocado no ato da sagração do templo. Aos dois lados da capela-mor, estão: do lado do evangelho, a capela do Sacramento, e do outro lado, a capela de Nossa Senhora do Rosário. De cada lado do corpo da igreja, existem quatro capelas: sendo, à esquerda, a de Nossa Senhora do Carmo, de São Pedro Gonçalves, de Santo António e de São Gonçalo. Do lado da epístola, as capelas: das Almas, do Coração de Jesus, de Santa Madalena, instituída em 1506 por Álvaro Lopes da Fonseca, e por último a de São Francisco. As duas primeiras capelas, tanto de um como do outro lado, são do mesmo estilo manuelino, sendo as abóbadas de estilo diferente para cada uma. Ao lado esquerdo da entrada principal, está o baptistério, onde se encontra uma soberba pia baptismal, toda de mármore. São também dignas de menção, as duas pias de água benta que se encontram nas duas primeiras colunas dos arcos que dividem as naves, e que foram oferecidas por El-Rei D. Manuel. A sacristia é ampla e clara, tendo um magnífico guarda-roupa de jacarandá, e no seu centro, uma mesa oval de pedra liós. Subindo a qualquer das duas torres, de forma retangular, e que constituem as sineiras da igreja, depara-se com um dos mais lindos panoramas da ilha, não só para o lado do mar e extenso areal até ao Cabo da Praia, como também para o lado de terra, abrangendo todo o Ramo Grande. Igreja da Misericórdia —É um templo medíocre na sua arquitetura, muito antigo, e que nada tem sofrido com os terramotos. O seu interior está dividido em duas naves, parecendo serem duas igrejas unidas, e a sua porta principal abre-se a meio duma delas, e em frente à capela-mor onde está a Veneranda e primorosa imagem de Santo Cristo, de grande devoção em toda a ilha. Ao lado desta, está uma outra capela igual com o Sacrário. No corpo da igreja, estão duas pequenas capelas, uma em frente à outra. Tem um pequeno órgão com seu coreto alto, por debaixo de um dos arcos que dividem as naves. Por vezes tem servido este templo de matriz, quando, por ocasião dos terramotos, a igreja própria sofreu estragos. Ermida dos Remédios — Está situada. Rua do Conselheiro Nicolau Anastácio de Bettencourt, antiga Rua da Graça. Tem no altar-mor a imagem do orago, e dois altares encostados ao arco da capela e voltados para a frente. Ermida de São Salvador — Situada na rua de mesmo nome, e num


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plano superior à Matriz, pertence ao digno capitão de artilharia Francisco de Paula Rego. Tem as imagens de São João Baptista Machado e São Salvador. Ermida de Santa Luzia — Está situada no lugar das Pedreiras, e tem só a imagem do seu orago. Foi edificada por Duarte Pereira, segundo se depreende da lápide que está sobre a sua sepultura dentro do templo. Era pequeníssima ao princípio, e foi acrescentada por duas vezes: a primeira pelo povo, e a segunda por Manuel de Sousa de Menezes. Ermida de São Lázaro — Contígua ao hospital do mesmo nome, tem um só altar com a imagem do orago. Ermida de São José — Está situada ao Portão do Barreto, e ainda em construção. Cemitério — Encontra-se fora da Vila da Praia, na estrada que se dirige para a Casa da Ribeira. Tem quatrocentas setenta e duas sepulturas para adultos e cento setenta e seis para crianças. Como relíquia de um antigo templo, vê-se ainda a capela-mor da igreja de São Francisco, hoje profanada, e pertencente ao Ex.mo Sr. Custodio de Paula Carvalho Júnior. Este convento foi edificado em 1480, e a capela-mor, mandada fazer por Catarina França, casada com Sebastião Cardoso Homem. É digno também de menção o monumento levantado ao benemérito Silvestre Ribeiro, o restaurador da Vila Praia da Vitória, e inaugurado a 31 de dezembro de 1879. Está situado à entrada da Vila, indo pela estrada militar, num pequeno jardim convenientemente murado. A Vila da Praia possui também três mercados públicos: um para o peixe, abaixo da casa da Alfândega e próximo do areal; um para o gado, na Rua do Rego; e um terceiro para vários géneros alimentícios, em frente ao monumento de José Silvestre Ribeiro. Existe também na Praia da Vitória, uma Conservatória, criada por Decreto de 26 de agosto de 1882. Percorrendo o vasto areal da Praia, hoje muito reduzido na sua largura, encontram-se ainda vestígios de alguns fortes que se tornaram célebres na história, sobretudo na memorável batalha de 11 de agosto de 1829,e que constituíam a defesa da ilha, naquele ponto. Em 1483, a fortificação da Praia, feita pelo capitão do donatário Antão Martins Homem, reduzia-se a quatro baluartes, alguns muros em volta da Vila e quatro portões, que a fechavam completamente. No tempo do grande Ciprião de Figueiredo, construiram-se, dentro da baía da Praia, doze fortes e baluartes; e na célebre batalha de 11 de agosto, apenas existiam sete, que foram: o de São Caetano, Santo Antão, das Chagas, da Luz, do Porto, do Espírito Santo e a bataria de São João. Destes todos, desapareceram já, por completo, o 4.° e 5.° e a bateria; e do 6.° só existem os restos das muralhas.


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Próximo do areal, e entre a Vila e a Serra de Santiago, existe uma grande lagoa denominada o Paul da Praia, onde vêm desaguar algumas ribeiras, e onde por vezes o mar entrava. Hoje, estão muito reduzidas as suas dimensões, pela grande quantidade de areia que ali se tem depositado. A Vila da Praia é atravessada por duas ribeiras: uma, que vem bem pelo centro da Casa da Ribeira, onde se reúnem varias grotas, e atravessa a estrada litoral, a um quilómetro distante do Largo da Batalha, para vir desaguar no mar; a outra, caminha próximo à antecedente, e atravessa também a estrada, um pouco mais perto do dito largo. A primeira, tem o nome de Ribeira de Santo Antão; e a segunda, o de Girão, no seu começo, e o de Ribeira do Belo Jardim, próximo da estrada. A Vila da Praia comunica com a cidade pela estrada litoral, e por esta com o Cabo da Praia. Pela Canada da Cidade, com a Casa da Ribeira; e com as Lajes e outras freguesias que se seguem, pela continuação da dita estrada litoral, que começa novamente nas Figueiras do Paim. A população da Praia é de 2:255 habitantes, distribuídos por 790 fogos. A indústria principal é a piscatória. Tem hoje bons estabelecimentos de fazendas e mercearias, com um comércio muito razoável, e que, de ano para ano, tende a aumentar. Casa da Ribeira A três quilómetros para oeste da Vila da Praia, existe um pequeno povoado com o nome de Casa da Ribeira, constituindo um curato sufragâneo da mesma Vila. Ignora-se a data da sua criação, mas deve ser anterior a 1716, porque o Padre Cordeiro já fala dele na sua História Insulana. A sua ermida, que está situada a noroeste do povoado, foi reedificada em 1844, e o seu orago é São João Baptista. Na capela-mor estão as seguintes imagens: ao centro, Nossa Senhora da Esperança, e aos lados, São João e São Francisco. Do lado da epístola, e fora da capela-mor estão dois altares: um, que é o das Almas, e o outro com os quadros de Jesus e Maria. Possui tombem um pequeno coreto com harmonium. Este povoado é atravessado por cinco ribeiras, que tem os seguintes nomes: Cachopos, Loural, Beiras, Girão e do Outeiro, que vão ter às duas ribeiras da Vila da Praia. A Casa da Ribeira comunica: com a cidade, pela Canada da Cidade; com o Cabo da Praia, pela Canada do Barreiro, que atravessa o Belo Jardim; e com as Fontinhas, pela Cruz do Marco.


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A indústria principal é a tecelagem nos antigos teares e o comércio reduz-se aos tecidos que fabricam e à venda de cereais. Santa Rita ou Curato da Serra Pelo Decreto de 14 de agosto de 1861, foi criado este curato na Serra de Santiago, a três quilómetros, pouco mais ou menos, da Vila da Praia. Ignora-se a data da construção da ermida, que pertencia à casa do Visconde de Bruges, e hoje à paróquia. É muito provável que fosse do tempo em que Jácome de Bruges tomou conta da Praia. Esta ermida tem sido muito acrescentada e benfeitorizada pelo povo. Tem no seu interior as seguintes imagens: Santa Rita, orago da igreja, Nossa Senhora de Lourdes e São Tiago.


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