Como além da quina da Rua dos Ourives temos logo de parar na do Ouvidor em face da casa n.º 89, onde morreu este ano o Diário do Rio de Janeiro, órgão do partido conservador, e outrora batia moeda Mme Joséphine, a mais célebre das antigas modistas: fala-se muito do passamento do Diário e da tesoura de Mme Joséphine, e logo depois estacamos diante da casa n.º 403 não para comprar máquinas americanas de costura que hoje ali se vendem, mas para lembrar a loja de Mme Finot, célebre florista; avivam-se recordações de coisas passadas há mais de trinta anos, e entre elas a de um lamentável amor anacrônico. Como enfim se concluí este capítulo, lembrando as fundas do velho Vannet a livraria e a buzina do Albino Jordão.
No Brasil ninguém morre enquanto não morre deveras de moléstia física e desaparecendo na cova do cemitério.
Só assim, com esses testemunhos de óbito por que tem-se visto muita gente moralmente morta que de um dia para outro reaparece viva sem que se saiba como, nem por quê.
No comércio isso já é trivial, e em política sediço.
Não admira, pois, que eu que, graças a Deus, nunca morri, e apenas no último capítulo acabei metendo-me no canto por muito vexado, hoje me desencante sem vexame algum para continuar a minha viagem pela Rua do Ouvidor.
O canto, onde fiquei com os meus companheiros de viagem do capítulo antecedente, foi o da Rua dos Ourives, e agora, passando além dela para seguir viagem, temos já de estacar por alguns minutos defronte dessa casa antiga de dois pavimentos, do lado esquerdo, e de atual n.º 89.
Aí morreu este ano o Diário do Rio de Janeiro, uma lâmpada que se apagou por falta de azeite.
Eu estava no meu direito escrevendo a sua necrologia e lamentando de coração a moléstia que o matou, mas o Diário do Rio de Janeiro podia bem zombar de mim, dando novo exemplo daqueles mortos de que falei, e que de súbito reaparecem vivos.
Declaro que desejo e que havia de aplaudir a revivificação do Diário, que viria demonstrar a vitalidade do partido conservador de que ele foi órgão nos últimos anos.
Tenho-me por liberal de boa escola e por isso mesmo reputo necessário no nosso sistema de governo e contrapeso do partido conservador.
O fato de suspender sua publicação, o Diário do Rio de Janeiro, e de ficar na capital do império sem órgãos de imprensa, o partido conservador logo depois da sua queda do governo e de perder consequentemente a influência oficial não é airoso para ele, e é de grande inconveniência para os negócios públicos.
O partido liberal, quando em 1868 saiu do governo, fundou imprensa mais forte e mais influente do que tivera na capital durante os cinco anos em que estivera no poder.
Não vai nestas poucas palavras idéia de agressão ou de dissimulada injúria ao partido conservador, ou à sua imprensa de lâmpadas que se apagaram por falta de azeite; o que vai é simples estímulo para despertar o seu patriotismo; porque a fiscalização oposicionista e a luta generosa dos partidos políticos na imprensa são indispensáveis à marcha regular do sistema representativo.
No governo constitucional a censura apaixonada, e ainda mesmo violenta e injusta, é mil vezes preferível ao silêncio sepulcral da imprensa da oposição.
O Diário do Rio de Janeiro não devia ter morrido, e tanto mais que sua redação acetinada honrava o partido, cujos interesses políticos defendia.
Mas quem me mandou intrometer em coisas políticas capazes até de tornar impolítica e anárquica esta viagem pela Rua do Ouvidor; que estou fazendo fraternalmente com liberais, com conservadores, com republicanos e até com o Apoztolo e com o Ganganelli?
É preciso emendar a mão, e aí mesmo sem arredar os olhos dessa casa tradicional hoje de n.º 89.
Número 89!... é verdade: foi erro do Diário, órgão conservador, tomar posto em teto desse número 89, que recorda a data mais anticonservadora e mais revolucionária de França e do mundo.
Outra escorregadura para a política!... agora juro corrigir-me de uma vez para sempre.
Tratemos de coisas sérias.
Nessa casa do atual número 89 fazia há mais de meio século, e durante muitos anos cortou e fez vestidos, toucados e enfeites de finíssimos tecidos, mademoiselle, depois Mme Joséphine, a mais antiga e a mais famosa modista da Rua do Ouvidor.
Ainda depois da chegada da família real portuguesa ao Rio de Janeiro em 1808 e até 1816 pelo menos, as senhoras da corte e das famílias ricas tinham criadas e escravas costureiras, e, em geral, as senhoras talhavam seus vestidos ou os mandavam fazer por costureiras de profissão; mas todas portuguesas ou brasileiras.
De 1810 a 1816 ou pouco além deste ano houve, entre outras ignoradas, duas irmãs muito procuradas como habilíssimas costureiras: eram do Brasil e moravam na Rua do Fogo, hoje dos Andradas, e perto do então chamado Largo da Sé: sei os seus nomes; julgo, porém, que não me é preciso decliná-los.
O certo é que modista foi planta nova e francesa que por ventura já se cultivava em outras ruas, quando em 1823 ou em 1824 começou a predominar na Rua do Ouvidor Mlle Joséphine.
Não posso determinar precisamente o ano da revelação dessa celebridade:
Mlle Josóphine foi talvez a primeira, e com certeza uma das primeiras que marcaram a época da hégira das francesas para a Rua do Ouvidor.
Mlle Joséphine foi a modista da primeira imperatriz do Brasil, e, portanto, de todas as senhoras da corte, e, portanto, de quantas outras senhoras tinham pais e maridos dispostos a pagar freqüentemente a habilidade e a fama da modista, cuja tesoura de imperial predileção cortava cara e desapiedadamente.
E por isso mesmo era célebre, e a melhor possível, e a mais desejada, a tesoura da incomparável Joséphine.
A casa da modista começara com a denominação de Mlle Joséphine; casando-se, porém, esta algum tempo depois com Mr. Quelque Chose, já era tanta e tão proveitosa a fama do nome da modista, que mulher e marido acordaram em conservá-lo na designação da loja, que ficou denominada de Mme Joséphine.
Eclipse do marido que com espirituoso materialismo reconheceu quanto o nome da esposa valia mais do que o seu na grande realidade da vida.
E por isso mesmo, na ignorância do nome do marido eclipsado, eu o chamei acima Mr. Quelque Chose que em bom português se traduz por - ilustríssimo senhor Coisa Nenhuma.
Em compensação Mme Joséphine foi grande coisa, e no seu tempo não houve modista que retalhasse mais fazendas e ganhasse mais dinheiro; e ela era mais do que intérprete fiel das modas de Paris, era a própria moda.
Raramente e só obrigada determinava ou ajustava o preço do vestido que devia fazer; com o seu português afrancesado costumava dizer: "Sou artista e ainda tenho de imaginar a minha obra: como hei de marcar o preço do vestido que vai sair das inspirações que eu tiver?..."
Não se resistia à modista que considerava o vestido que cortava e enfeitava como poema ou painel da sua tesoura.
A Rua do Ouvidor não pode esquecer e deve honrar a memória de Mme Joséphine, que foi matriarca das modistas francesas.
Se a Rua do Ouvidor quiser algum dia ter as suas armas, não pode adotar melhor emblema do que a Tesoura; mas precisamente a Tesoura de Mme Joséphine.
Rica e saudosa da França, a famosa modista depois de longos anos de trabalho e de economias deixou o Rio de Janeiro, e lá na pátria tomou o nome do marido, ficando por sua vez eclipsada, e perdendo a sua autonomia. Asseveram-me que em Paris Mme Joséphine acabou pobre e muito triste por história de eclipse.
Pouco adiante da casa n.º 89 temos que demorar-nos de novo, considerando a de n.º 95, placa, que é atualmente Depósito de Máquinas Americanas de Costura.
Por mais interessante que sejam as tais máquinas, a casa n.º 95 só me fará recordar a Loja de Flores de Mme Finot, uma outra das glórias passadas da Rua do Ouvidor.
Mme Finot (que por sinal era finíssima) floresceu (e não havia de florescer, sendo florista) ainda além do ano de 1850, tendo sido contemporânea, e no seu gênero igualadora da fama de Mme Joséphine.
Mme Finot, a sacerdotisa do seu templo de flora, fabricava e vendia flores, ramalhetes, capelas e outros tecidos e obras de flores artificiais; mas, servindo a encomendas feitas, compunha lindos e elegantes ramos de flores naturais, incumbindo-se de comprá-las quando isso lhe pediam e ganhando na incômoda comissão modestíssimo lucro de duzentos ou trezentos por cento.
Se ela era finíssima!
Em honra dos objetivos ninguém discutia o preço das flores naturais.
Entre os seus numerosos fregueses Mme Finot contava indefectivelmente no mês de dezembro com todos os jovens doutorandos da escola de Medicina, para os quais preparava muitas dezenas de ramos de 100 e 200 cravos naturais ornados de canotilhos, pois que então era de costume no ato solene do recebimento do grau oferecerem os novos doutores ramos de cravos aos lentes de sua predileção.
Este costume acabou, ou porque Mme Finot entendeu que eram de prata de lei os seus canotilhos, e rubis os cravos que enramava, ou porque alguns lentes da escola menos simpáticos acharam espinhos na festa de flores.
Em 1844, e ainda em 1845, Mme Finot não achou flores que lhe bastassem nos jardins da cidade, e fez de sua loja ativíssima casa de moeda, emitindo cravos, rosas, violetas, cravinas, etc.
Em 1843, estreara-se na cidade do Rio de Janeiro uma pobre companhia de ópera italiana, e nela a jovem cantarina, a Candiani, a quem faltava muito a arte, mas que positivamente possuía a voz mais doce e comovente que se tem ouvido no nosso teatro de canto.
A Candiani, que tinha açúcar nos gorgomilos, fez furor.
No ano seguinte, 1844, improvisaram em rival impossível da Candiani outra cantarina de nome Delmastro; rompeu a luta apaixonada entre Candianistas, quase todos, e Delmastristas em minoria furente.
Um dilúvio de flores em cada noite de ópera italiana marcava os triunfos da Candiani.
Mme Finot prelibava sempre o odorífico preço de cada um daqueles dilúvios.
O delírio era tanto que até deu-se a um jasmim proveniente da província do Pará, e então novíssimo na cidade do Rio de Janeiro, o nome de Candiani. Foi lembrança de estudantes, em gratidão aos quais a cantarina em uma das noites de ópera mostrou-se ao público entusiasmado com o jasmim no peito: façam idéia do palmejar e dos aplausos frenéticos que então houve!...
E quem mais Candianista se exaltava era Mme Finot, que, quase posso jurá-lo, nunca tinha ouvido, nem jamais ouviu cantar a Candiani.
Não sei, não posso dizer se foi quando começavam a chegar de França as flores artificiais do célebre Constantino que principiaram a murchar as da loja de Mme Finot, que foi aos poucos descendo do seu elevado e famoso pedestal.
Antes, porém, da época ou data da sua decadência, Mme Finot viu a sua loja amorosamente aristocratizada.
Avivarei recordação do que se passou em... não quero marcar o ano, foi depois de 1840; mas, lembrando fraqueza humana, não levarei minha indiscrição até o ponto de declinar grande nome histórico.
Dizem-me que Mme Finot fora bonita; mas no tempo em que pude e posso dar testemunho do que ela me pareceu devo crer que ela pertencia ao belo sexo, somente pelo fato de pertencer ao sexo feminino.
Em compensação, porém, ela, ou por cálculo ou por inocente escolha, reunia e expunha em sua loja uma plêiade de raparigas floristas, a nenhuma das quais faltava o viço da mocidade, e a uma ou outra acrescia o dom de mais ou menos boniteza.
De uma dessas meninas se apaixonou em retour de lajeunesse um velho septuagenário, notabilidade política da mais elevada posição social, titular... etc... sábio e poeta inspirado de antiga reputação.
Dia por dia lá se encaminhava a passos lentos e quase rastejantes o ilustre velho para a loja de Mme Finot e ali ficava duas ou três horas ao lado da menina que o encantara, lendo-lhe às vezes ternos cantos poéticos que o pobre amor anacrônico lhe inspirava.
No fim das duas ou três horas de lirismo o septuagenário apaixonado, combinando o próprio gosto com o preço da tolerância da dona da loja, comprava bonitas e caras flores que deixava nas mãos e ao colo da menina florista, e saia para curtir saudades até o dia seguinte.
E logo que ele saia, Mme Finot sem riso nem careta, perfeita filósofa positiva, guardava na gaveta o produto das flores vendidas ao grande titular, enquanto as raparigas em zombarias mal-abafadas metiam à bulha a menina adorada, a quem aliás invejavam aquele amor que, embora limitado ao gozo de poesias e de flores, era em todo caso preferência e distinção.
Durou alguns meses este amor platônico e lamentável de velho: veio pôr-lhe termo a morte deste.
Asseguravam alguns íntimos amigos do notável personagem que os cantos e liras com que ele exaltava a sua ternura e a beleza da menina florista eram repassados de doce melancolia, magistrais sob o ponto de vista da arte, e surpreendentes na idade do poeta pela viveza da imaginação.
Ao pressentir, porém, a morte, o sábio arrependeu-se da mísera fraqueza e queimou seus terníssimos versos, extinguiu os testemunhos líricos do amor de septuagenário por menina.
Depois desta indiscreta revelação de caso que muitos observaram, como eu, mas que por ventura já esquecido estava, não devo ocupar-me mais de Mme Finot, e portanto - disse. E peço aos meus leitores três Ave-Marias para que Deus nos livre e guarde da fraqueza humana igual à daquele varão ilustre estadista, sábio e poeta, que ao aproximar-se dos oitenta anos se apaixonou por menina florista de menos de vinte primaveras.
Neste quarteirão da Rua do Ouvidor as celebridades se acotovelavam ao lado esquerdo.
Segue-se à casa n.º 95 a de 97; à de Mme Finot a florista, a casa onde explorou boa mina de ouro, vendendo fundas, M. Vannet, um dos mais antigos franceses da Rua do Ouvidor.
"Ouro é o que ouro vale."
Ao velho Vannet serviram as fundas para fundar tão boa fortuna, que sem outra fonte de recursos, e sem esgotar o capital adquirido, ele fez construir a casa de três pavimentos na mesma rua, esquina da de Gonçalves Dias, e .hoje também célebre, porque nos pavimentos superiores se acha estabelecido o Hotel Fréres Provençaux, cuja nomeada é contemporânea e, portanto, não pode entrar nestas Memórias.
A casa n.º 97 ainda conserva em tradicional tabuleta o antigo letreiro: Fábrica de Fundas do Vannet; mas eu aposto que o seu atual proprietário e fabricante não será capaz de exclusivamente com o produto da venda de fundas levantar casarão igual àquele que ficou mencionado.
Por quê?...
Quem puder explique ou resolva este problema econômico e medicinal ou cirúrgico. Eu que não sou economista, nem médico prático, apenas chego a compreender a causa pelo modo seguinte:
No tempo do velho Vannet todos os homens que, por qualquer causa, se sentiam com o que vulgarmente se chama quebradura ficavam realmente quebrados e recorriam ao prudente socorro das fundas; hoje em dia, porém, as fundas se tomaram muito menos necessárias, porque observa-se que alguns quebrados apresentam o curioso fenômeno de se acharem mais inteiros, e se podem quebrar duas vezes, isto é, à direita e à esquerda, avulta ainda mais a saúde perfeita, de modo que as fundas de Vannet não têm mais a extensa procura do outro tempo.
Esta explicação pode afigurar-se demasiado metafísica, mas eu asseguro que, pelo contrário, ela é filha legítima da escola realista.
Aquela casa n.º 113, ainda do lado esquerdo, acanhada, estreita, mas de três pavimentos, cujo letreiro chamador de fregueses anuncia o Café de Londres, e excelente Restaurant, foi levantada no lugar onde se mostrava a antiga e pequena casa térrea de duas portas, que ainda em 1838 era loja de livros do Albino Jordão.
Lembro-me sempre dele! lembro-me da sua modesta loja de livros novos e velhos, de obras encadernadas ou em brochura, que se vendiam ali a barato preço. Em meu tempo de estudante fui freguês do Albino Jordão e entre outras obras comprei-lhe as Memórias Históricas de Pizarro e as Memórias para Servir à História do Reino do Brasil, do Padre Luís Gonçalves dos Santos, por alcunha o - Perereca -, as quais de tanto socorro me têm sido em estudos, como este que estou fazendo.
O Albino Jordão era, quando o conheci, homem já velho, vestindo sempre jaqueta, e desde muito cego e surdo. Contra a cegueira não tinha recurso, que não fossem a memória surpreendente e o tato explicavelmente aprimorado; contra a surdez, que não era completa ou absoluta, socorria-se de famosa e tradicional buzina, que o fazia ouvir o que os fregueses da loja procuravam.
Albino Jordão tinha dois ajudantes, meninos ou rapazes de quatorze a dezesseis anos, de instrução nula e de pouco zelo: quando eles, porém, não serviam de pronto a algum freguês e demoravam-se, procurando o livro pedido, o cego levantava-se da sua cadeira, punha a buzina ao ouvido, e ciente do que se pedia, ia sempre certeiro e sem nunca enganar-se tomar o livro na estante e o lugar onde estava, ainda mesmo quando lhe era necessário subir por pequena escada portátil para ir buscá-lo.
Eram na verdade admiráveis a memória, o tato e o tino que a cegueira apurava naquele velho cego, mas, para que pudessem tanto, era só e exclusivamente ele o ordenador e colocador dos livros nas estantes da sua loja.
Albino Jordão foi, como livreiro, contemporâneo dos notáveis e célebres livreiros Saturnino, João Pedro da Veiga e Evaristo Ferreira da Veiga, filhos do primeiro; mas em sua loja, que não podia rivalizar com a daqueles, vendia em geral obras já usadas, livros em segunda mão, e portanto baratíssimos, e se por isso deve ser tido em conta do primeiro alfarrabista da cidade do Rio de Janeiro, foi de tanto proveito para o público, e de tão sã consciência na sua indústria, que nunca lhe caberia o nome feio que os estudantes do Imperial Colégio de Pedro II deram ao vil belchior de livros velhos estabelecido na vizinhança daquele colégio da Rua de S. Joaquim, nome um pouco obsceno que a principio se estendeu a todos os chamados hoje alfarrabistas.
A Rua do Ouvidor deve perpetuamente lembrar o seu Albino Jordão, o primeiro livreiro que teve, o precursor, ou antecessor dos Srs. Laemmert, Garnier e ainda outros, o Albino Jordão, enfim, cuja buzina foi tão famosa como a tesoura de Mme Joséphine, e muito mais útil do que ela, se as minhas excelentíssimas leitoras permitem que eu assim o pense.