Memórias de um pobre diabo/Terceira Parte - Capítulo 11
O Sr. Joaquim leu, releu e treleu a carta. Ao depois chamou o guarda-livros.
—Sô Pinto? chegue-se, faça favor.
Pinto aproxima-se.
—Que palavra é esta? pergunta mostrando a Pinto a segunda palavra do remate da carta.
Pinto arregalou os olhos, soletrou a palavra e leu—monógámia... e repetio separando as syllabas: Mo-nó-gá-mi-a... Isto não é palavra, decidio.
—A mim tambem me parece que não é, concordou o Sr. Joaquim, cuja intelligencia dava pelo estalão da do outro.
Pinto voltou aos livros.
O Sr. Joaquim garatujou;
«Senhora.—Eu quando digo as cousas é porque sei. Não é debalde que sou viuvo. O meu pezar é ter aberto os olhos quando a mulher fechou os seus. O conselho do periodico é fundo como um poço, e os periodicos quando dizem as cousas—são como eu—sabem o que dizem. Estou no mesmo pé. A mulher ha de pegar no somno antes do marido e acordar depois delle, sem esta condição saia não me torna a entrar em casa. A palavrinha monogamia não leva a resposta devida por não ser palavra.
«E temos conversado.»
Monica revelou-me este episódio uma vez quando lhe disse andar perto de querer casar com ella.
No fim da narração, pendi para a opinião do Sr. Joaquim.
Não sei porque, mais tarde, fizeram barão a este homem, que tanto senso parecia ter!