Viva a Fortuna, que sabe às vezes consolar o mal agudo com algum bálsamo inesperado. A gente Aguiar recebeu carta de Tristão, que lhes anuncia a vinda ao Brasil, talvez no paquete próximo. Logo que entrei... Era dia de recepção deles, e soube depois que tinham pensado em transferi-la por causa da tristeza de Fidélia, mas consideraram que era modesta e resumida, que se não dançava, raro se cantava, e apenas se conversava e tomava chá; podia ser mantida sem escândalo.
Logo que entrei deu-me Aguiar a notícia. Quando fui cumprimentar D. Carmo, e a felicitei pela vinda do moço, ouviu-me com grande prazer. Meia hora depois, tornamos a falar do assunto, ela e eu, e então foi ela que iniciou a conversação, dizendo-me que estava em casa, longe de esperar tal coisa, e de repente viu entrar no jardim um homem do banco com um bilhete do Aguiar, dando-lhe a boa nova, e acompanhado da carta que Tristão mandava aos dois. Contando-me estas particularidades, acaso dispensáveis, D. Carmo queria naturalmente comunicar-me o próprio alvoroço. Conheço estas intenções recônditas e manifestas a um tempo; é velho sestro de felizes.
A gente pouca e as relações estreitas deram azo a que no fim da noite falássemos todos do hóspede vindouro. Aí vem o afilhado que eles tiveram por esquecido, quase ingrato, esse outro meio filho que ajudaram a criar e a amar. Aguiar e a mulher deram explicações pedidas, contaram episódios de infância, histórias de graça, de esperteza, algumas de manha, mas a manha das crianças só enfada em ação; recordada, deleita, como outras coisas idas. Uma das senhoras presentes quis lembrar alguns atos de carinho e dedicação de D. Carmo acerca do pequeno, mas a boa velha esquivou-se depressa, e apenas ouvimos um ou dois. Noite de família; saí cedo, vim para casa tomar leite, escrever isto e dormir. Até outro dia, papel.