Tem agradado muito o Tristão, e para crer que o merece basta dizer que a mim não me desagrada, ao contrário. É ameno, conversado, atento, sem afetação nem presunção; fala ponderado e modesto, e explica-se bem. Ainda lhe não ouvi grandes coisas, nem estas são precisas a quem chega de fora e vive em família; as que lhe ouvi são interessantes.

No vestido e nas maneiras usa o tom da conversa; a mesma correção e simplicidade. O encanto que outro dia me disse achar na cidade continua a achar nela e na gente; reconhece ruas, casas, costumes e pessoas; pergunta por muitas destas e interessa-se em ouvir as notícias que lhe dão. Algumas reconhece logo, outras com pouca explicação. Enfim, não é mau rapaz.

Para a gente Aguiar é mais que excelente. Essa está tanto ou mais encantada que ele; nestes poucos dias já o levou a diferentes partes. O Desembargador Campos, que lá jantou ontem, disse-me que D. Carmo estava que era uma criança; quase que não tirava os olhos de cima do afilhado. Tristão conhece música, e à noite, a pedido dela, executou ao piano um pedaço de Wagner, que ele achou muito bem. Além do Campos, jantou lá um Padre Bessa, o que batizou Tristão.

Não era habituado do Flamengo este padre; foi o próprio Tristão que o descobriu, de maneira que merece notar. Perguntou por ele, e, ao cabo de dois dias, sabendo que residia na Praia Formosa, dispôs-se a lá ir, depois de recusar ao padrinho a companhia que este lhe ofereceu.

— Quero ir eu só, replicou, para lhe mostrar que não desaprendi a minha cidade.

E lá foi, e lá andou, e lá descobriu o padre, dentro de uma casinha — baixa. Bessa, que fora comensal dos pais dele, não o conheceu logo, mas às primeiras notícias recompôs o passado e adivinhou o menino a quem dera batismo. Aguiar fê-lo convidar e vir à casa dele, a ver o moço e visitá-lo, sempre que quisesse. É uma boa figura de velho e de sacerdote, disse-me o desembargador, calvo bastante, cara magra, a expressão plácida, apesar das misérias que terá curtido; chega a ser alegre.