Venho da casa do Aguiar. Lá achei Fidélia, um primo desta, filho do desembargador, aluno da Escola de Marinha (16 anos) e um empregado do Banco do Brasil. Passei uma boa hora ou mais. A velha esteve encantadora, a moça também, e a conversação evitou tudo o que pudesse lembrar a ambas a respectiva perda, uma do esposo, outra do filho postiço. Contavam-se histórias de sociedade, que eu ouvi sorrindo, quando era preciso, ou consternado nas ocasiões pertinentes. Também eu contei uma, de sociedade alheia e remota, mas o receio de lembrar à viúva Noronha alguma terra por onde houvesse andado com o marido me fez encurtar a narração e não começar segunda. Entretanto, ela referiu duas ou três reminiscências de viagem, impressões do que vira em museus da Itália e da Alemanha. Da nossa terra dissemos coisas agradáveis e sempre de acordo. A mesma torre da Matriz da Glória, que alguns defenderam como necessária, deixou-nos a nós, a ela e a mim, concordes no desacordo, sem que, aliás, eu combatesse ninguém. O casal Aguiar ouviu-nos sorrindo; o moço da Escola de Marinha tentou, em vão, suscitar a questão militar.
Com isso e o mais enchemos a noite. Ninguém pediu a Fidélia que tocasse, embora me digam que é admirável ao piano. Em compensação, ouvimos-lhe dizer alguma coisa de mestres e de páginas célebres, mas isso mesmo foi breve e interrompido, pode ser que lhe lembrasse o finado. Saí antes dela. Ouvi ao Aguiar que daqui a dois meses começará as suas reuniões semanais.