Desvendava-se ao cego o mistério:
(As idades
Sem princípio; de sol a sol, de terra a terra,
A eterna combustão que maravilha e aterra,
Geradora de bens e de ferocidades;
Cordilheiras de espanto e esplendor, serra a serra,
De infinito a infinito; asas em tempestades,
Tronos, Dominações, Virtudes, Potestades,
Luz contra luz, furor de chama e glória em guerra;
E os rebeldes, rodando em rugidoras vagas;
E o Éden, e a tentação, e, entre o opróbrio e a alegria,
O amor florindo ao pé da amaldiçoada porta;
E o Homem em susto, o céu em ira, o inferno em pragas;
E, imperturbável, Deus, na sua glória!...)
Ardia
O poema universal numa retina morta.