Não lamentes, Alcino, o teu estado,
Corno tem sido muita gente boa;
Cornissimos fidalgos tem Lisboa,
Milhões de vezes córnos tem reinado.
Sicheu foi corno, e corno de um soldado:
Marco Antonio por corno perdeu a c′roa;
Amphitrião com toda a sua proa
Na Fabula não passa por honrado;
Um rei Fernando foi cabrão famoso
(Segundo a antiga letra da gazeta)
E entre mil cornos expirou vaidoso;
Tudo no mundo é sujeito á greta:
Não fiques mais, Alcino, duvidoso
Que isto de ser corno é tudo peta.
Notas
editar- ↑ MATTOSO, Glauco. Bocage, o desboccado; Bocage, o desbancado. São Paulo: 2002. Disponível em <http://www.elsonfroes.com.br/bocage.htm. Acesso em: 28 maio 2014.
- ↑ SILVA, Inocêncio Francisco da (Org.). Poesias eroticas, burlescas e satyricas. Bruxellas: [S. n.], 1900. p. 194-195.