Não lastimes, Baptista, a minha sorte

Não lastimes, Baptista, a minha sorte,
Nenhum abalo o dano meu te faça;
Batem em mim os golpes da desgraça,
Bem como as ondas num rochedo forte.

Ver-me-às tranquilo sujeitar ao corte.
Que da vida a cadeia desenlaça. (…)

Os homens, com tormento agudo e grave,
Podem fazer que desta estância abjecta
Meu sangue, espadanando, os tetos lave;

Podem no coração cravar-me a seta,
Porém não extorquir-me a paz suave,
Com que o Justo transpõe da vida a meta.

Excerto de um poema dedicado ao amigo, e protector, Manuel José Moreira Pinto Baptista.