Debruçada nas aguas d’um regato
A flôr dizia em vão
A corrente, onde bella se mirava....
«Ai, não me deixes, não!»
«Commigo fica ou leva-me comtigo
«Dos mares à amplidão,
«Limpido ou turvo, te amarei constante;
«Mas não me deixes, não!»
E a corrente passava; novas aguas
Após as outras vão;
E a flôr sempre a dizer curva na fonte;
«Ai, não me deixes, não!»
E das aguas que fogem incessantes
Á eterna successão
Dizia sempre a flôr e sempre embalde:
«Ai, não me deixes, não!»
Por fim desfallecida e a côr murchada,
Quasi a lamber o chão,
Buscava inda a corrente por dizer-lhe
Que a não deixasse, não.
A corrente impiedosa a flôr enleia,
Leva-a do seo torrão;
A afundar-se dizia a pobrezinha:
«Não me deixaste, não!»