Não se enfade, menina, dessa sorte

Não se enfade, menina, dessa sorte,
Por São Paulo me espere mais uns dias,
Que os sapatos irão nas noites frias,
Pois não quer São Crispim que agora os corte.

Praza a Deus que eu de todo vença a morte,
Que verá como em três Ave-Marias
Lhe faço pra estragar as francesias
Sapatos de cetim com sola forte.

Mas se os quer com mais pronta raridade,
Requeira a Solimão na Mauritânia
Que servida a de ser com mais vontade.

Pois ele pela ver na nova Albânia,
Lhe trará pra que traje à divindade,
As botas do Grão-Duque de Aquitânia.