Não sei que mão de ferro agudo alçada

A SAUDADE.


Inda chóro essa noite medonha
Longa noite de má despedida!
Teu amor me deixaste nos braços
Nos teus braços levaste-me a vida!
A. Gonçalves Dias.



Não sei que mão de ferro agudo alçada
Com força extrema me comprime o peito,
Não sei que dôr vigente me lacera
As fibras d’alma.

Escuto os homens que julgava amigos —
Envoltos no prazer do mundo ingrato —
Mostro-lhes minha dôr — a causa inquiro —
Voltam-me o rosto!

Escuto as aves no albor do dia
Em verdes campos cantando amores
Contemplam d’amargura o meu sorriso
E ávidas fogem!

Então procuro as grimpas das montanhas
Onde outr’ora meus echos ressoavam
Vibrados pela lyra em que tangia
Canticos suaves!

E meus echos não são repercutidos
Agora que a saudade os vibra n’alma
— Saudade?! — Ai! tu és meu soffrimento
N’alma o sinto!…