Não sei se isto é amor. Procuro o teu olhar,
Se alguma dôr me fere, em busca de um abrigo;
E apesar d'isso, crê! nunca pensei num lar
Onde fosses feliz, e eu feliz comtigo.
Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito.
E nunca te escrevi nenhuns versos romanticos.
Nem depois de acordar te procurei no leito
Como a esposa sensual do _Cantico dos canticos_.
Se é amar-te não sei. Não seí se te idealiso
A tua côr sadia, o teu sorriso terno,
Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso
Que me penetra bem, como este sol de inverno.
Passo comtigo a tarde e sempre sem receio
Da luz crepuscular, que enerva, que provoca.
Eu não demoro o olhar na curva do teu seio
Nem me lembrei jámais de te beijar na bôca.
Eu não sei se é amor. Será talvez começo...
Eu não sei que mudança a minha alma presente...
Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço,
Que adoecia talvez de te saber doente.