Nicolò Machiavelli, ó sábio, ó poeta,
Ó grande ébrio de amor e de verdade,
Quando peso a tua obra, imensidade
Rubra de luz de tua musa inquieta,
 
Ouço passar, como uma tempestade,
Mundos e mundos, sóis e sóis, por meta
Tendo o tempo encostado à eternidade:
E quando penso que acabou, enceta
 
Novo abismo, e outros sóis, como um granizo,
Mancham de novo o azul da curva alteada...
Ao teu gênio em revolta era preciso
 
Essa áurea lira por um deus vibrada,
Onde ao seu canto a lágrima diviso,
Rompendo os sons de irônica risada...