No seio da Terra (grafia original)


Do pélago dos pélagos sombrios
Lá do seio da Terra olhando as vidas,
Escuto o murmurar de almas perdidas,
Como o secréto murmurar dos rios.

5Trazem-me os ventos negros calafrios
E os soluços das almas doloridas,
Que têm sêde das Terras promettidas
E mórrem como abutres erradios.


As ancias sóbem, as tremendas ancias!
10Velhices, mocidades e as infancias
Humanas entre a Dor se despedaçam...

Mas sobre tantos convulsivos gritos
Passam horas, espaços, infinitos;
Esphéras, gerações, sonhando, passam!