Quem o explica? — Ninguém: — e ninguém me consola.
Estudo embalde livro e livro, e arraso o Oriente,
E busco, em toda a esfinge, e em todo o culto, a mola
Que abre e fecha, em segredo, os elos da corrente,
 
Que prende mundo a mundo, e cada mundo isola:
Cada qual passa, como um pássaro fremente,
Que em luta sai das mãos, que andam perenemente
Acusando um titão, que os cria, alenta, e os rola.
 
Um deus talvez?... — Que deus, ó raça enferma e triste?
Há quem afirme ou negue então que um deus existe?
Se há deus, é noutros céus: — céus que outros céus percorrem
 
Se há deus, que não acabe, é por si deus proscrito,
Fora da natureza, e fora do infinito,
Que é só dos deuses que morrem, como os sóis morrem...