Num dia próprio a liberalidades

Num dia próprio a liberalidades,
No qual o Rei dos Reis aos Reis aceita,
Não é muito, que quem Rei vos respeita,
Vos troque a Senhoria em majestades.

Obriga-me a pedir calamidades
A que o meu fado triste me sujeita,
Obriga-vos a dar a mão perfeita,
Com que sabeis matar necessidades.

Chegaram hoje os Reis do diversório
A tributar incenso, mirra, e ouro,
Fazendo do presépio um oratório:

Se guiou aos três Reis Planeta Louro,
Guie-me a minha estrela o peditório,
Com que na vossa mão ache um tesouro.