Desde a Exposição Pecuária realizada em Mineapolis, não se falava em outra coisa, nos centros criadores, senão no touro "Bellerophon", premiado com 50.000 dólares. Era uma beleza de animal. E como procriador, um verdadeiro assombro, não havendo notícia de outro igual não só no Minesota como, mesmo, nos Estados Unidos.
Encerrada a grande feira, e tornando o "Bellerophon" à fazenda natal, continuou a romaria dos criadores. De toda a parte vinha fazendeiros, entusiasmados com as notícias sobre o formidável pai de malhada. E de tal forma que o seu proprietário, o velho e conceituado criador James Smith, resolveu meter o animal no estábulo e cobrar de cada visitante a quantia de dois dólares. Era um meio de reduzir o número dos inoportunos e, sobretudo, de pagar-se do tempo consumido com as explicações.
Certo dia, bateu à porta da fazenda um cavalheiro forte, ares galhardos, de pulso de ferro e quatro palmos de costa.
— Pode-se ver o touro? — indagou de James Smith, que acorreu, para atendê-lo.
— Pois não. O preço da visita está marcado em dois dólares.
— Dois dólares?... — estranhou o visitante, estacando.
E após um instante:
— Não; então, não o vejo... O senhor compreende que eu tenho grandes responsabilidades de família, e dois dólares me fazem falta. Sou "mormon" e...
— O senhor é "mormon"?
— Sim, senhor. Sou "mormon", tenho nove mulheres e quarenta e um filhos, e o senhor compreende o que devem ser as minhas despesas.
— Nove mulheres e quarenta e um filhos?... — fez James Smith, arregalando os olhos. — Então o senhor vai ganhar dois dólares.
E arrastando-o pelo braço:
— Eu quero mostrar o senhor ao meu touro!