Moreira de Azevedo — "Mosaico Brasileiro", pág. 145.

Era o Dr. João Gomes de Campos juiz na Corte, quando se apresentou na sua casa uma titular de grande estalão com uma carta de empenho, para que lhe fosse favorável no julgamento de uma causa.

— Minha senhora, tenha a bondade de abrir essa gaveta, — pediu o magistrado.

A dama puxou a gaveta, que se achava repleta de cartas para abrir.

— Que viu aí, minha senhora?

— Cartas; muitas cartas, ainda fechadas, dirigidas a V. Excia.

— Pois, deite a sua aí, minha senhora.

— Mas, Sr. Desembargador...

— Perdoe-me, minha senhora; tenho feito isso aos pobres e não posso ser mais generoso com os ricos.

E de pé, para despedi-la:

— A lei, minha senhora, é a melhor carta de empenho que me podem apresentar.