J.M. de Macedo — "Ano Biográfico", vol. III. Pág. 212.

A atitude das Cortes de Lisboa em relação ao Brasil havia congregado os patriotas deliberados a emancipar a antiga colônia com ou sem o auxilio do Príncipe Regente. As combinações para isso marchavam céleres, multiplicando-se os emissários especiais entre São Paulo e Rio, estabelecendo ligações para o grande movimento libertador.

Incumbido, um dia, pelos patriotas da Corte, de ir àquela província com uma mensagem verbal aos conspiradores, o capitão Pedro Dias Pais Leme, que foi mais tarde marquês de Quixeramobim, entendeu no seu dever, de caminho, passar na Quinta da Boa-Vista, e, como amigo do príncipe, narrar-lhe o que se tramava.

D. Pedro ouviu, calmo, a narrativa, e, ao fim, em vez de agradecer-lhe ou dar-lhe qualquer ordem, pôs-se a falar de viagens e caçadas. Até que, por certa altura, chegando à janela, começou a olhar o horizonte, no rumo do sul. E apontando-o a Pais Leme:

— Que belo dia para se viajar!...

O oficial compreendeu tudo. Beijou, comovido, a mão do Príncipe, desceu rapidamente as escadas, montou a cavalo, e partiu a galope.