Ernesto Matoso — "Cousas do meu tempo", pág. 124.

Por ocasião da sua viagem ao Paraná, foi Pedro II hospedado em Ponta-Grossa, por um fazendeiro rude, mas trabalhador e leal, o qual, ao oferecer um almoço ao monarca, fê-lo, sem maiores cerimônias, nos seguintes termos:

— Senhor Imperador! Eu podia ter feito mais alguma cousa; podia ter matado mais uma vitela, mais um peru; mas preferi assinalar por outro modo a vossa passagem por esta terra e a honra de vir a esta sua casa: libertei todos os meus escravos (cerca de setenta) e peço a Vossa Majestade o favor de lhes entregar as cartas de liberdade!

Ao chegar à Corte, levou o Ministro do Império ao soberano os decretos distinguindo as pessoas que o haviam homenageado na excursão, cabendo ao fazendeiro paranaense o oficialato da Ordem da Rosa.

— Isso é pouco para esse benemérito — declarou o Imperador; — faço-o Barão.

Mas, Majestade, obtemperou o ministro ele é quase um iletrado.

— Não será o primeiro, — tornou o imperador; — e com a circunstância de que é um homem muito digno.

E imperativo:

— Mande-me o decreto fazendo-o Barão dos Campos-Gerais.