Humberto de Campos — Discurso de posse na Academia Brasileira de Letras, 1920.
Havia no Rio, anos atrás, um jornalista de má fortuna, diretor de um periódico oportunista, que claudicava de uma perna, aleijada por uma inchação crônica, e que vivia, então, da exploração, mais ou menos inteligente, da vaidade alheia. Uma tarde, passava este homem de imprensa ou de negócios pela rua do Ouvidor, arrastando, tardo, a sua perna enferma, quando um intimo_ de Emílio de Menezes lhe chamou a atenção.
— Admira — diz — como aquele homem, com tamanho defeito, seja tão "cavador"...
— Pois, a mim, não admira, — contrapôs o poeta.
E voltando-se para o companheiro:
Ele não tem uma perna "inchada"?