Humberto de Campos — Discurso na Academia Brasileira de Letras, 8 de maio de 1920.
De regresso de Paris, onde deixara a batina, o padre Severiano de Rezende surgia, uma tarde, à rua Gonçalves Dias, trajando jaquetão claro, chapéu de palha, flor à lapela, mas tendo à mão, em conflito com aquela meia elegância, um guarda-chuva de cabo torcido. Ao encontrá-lo à porta da Confeitaria Colombo, Emílio de Menezes abriu os braços para estreitá-lo:
— Estás belo, padre, assim à paisana!
— Achas?
— Decerto.
E olhando melhor:
— Agora, é só a bengala que traja à clerical.
— Que bengala? — estranhou o ex-sacerdote. — Isto é um guarda-chuva...
E Emílio:
— Pois é isso mesmo: que é um guarda-chuva senão uma bengala de batina?