Domingos Barbosa — "Silhuetas", pág. 39.
Era Paula Duarte, espécie de Paula Ney maranhense, membro da Junta Governativa instituída no seu Estado com a proclamação do regime republicano, quando um popular, homem de cor, o atacou, em discurso, num comício. Preso à ordem de Casemiro Cunha, chefe de polícia, foi Paula Duarte, em pessoa, interrogá-lo:
— Por que a sua agressão? Diga!
— "Seu" doutor, — começou o preto, gaguejando; — eu pensei...
— Pensou?... — fez Paula Duarte, interrompendo-o. — Tu já viste preto pensar?
E voltando-se para o chefe de polícia:
— Casemiro, quando ele te definir o que é "pensamento", solta-o!