Couto de Magalhães — "Viagem ao Araguaia", pág. 178.
Subia Conto de Magalhães, em 1862, o Araguaia, quando notou, no lago Dumbá, cujas margens acoitavam dezenas de escravos fugidos do Pará e províncias vizinhas, um movimento de caça, que logo lhe acordou a mania venatória. Tomou da espingarda, e ia fazer fogo, quando um soldado da comitiva se interpôs, rogando, choroso:
— Sr. doutor, pelo amor de Deus, não atire!
— Então, por que?
O soldado, após um silêncio envergonhado, baixou os olhos e a voz, e explicou, titubeante:
— Eu ando querendo dar baixa, tenho caçado um substituto e não acho.
— E que tem isso com o meu tiro?
— É que o tiro esparrama os negros do quilombo, e eu estou querendo pegar um calunga que faça o meu tempo de serviço!