Tobias Barreto — A tolerância do Imperador, O Jornal 5-12-1925
Era Ferreira Viana ministro no gabinete João Alfredo, quando, em um concurso na Faculdade de Direito de Recife, Martins Júnior, republicano e positivista, tirou o primeiro lugar em um concurso, contra o filho de um dos maiorais do governo na província. O Imperador defendia, a todo o transe, Martins Júnior, contra os interesses do gabinete.
— Ele é republicano, majestade! — alegou Ferreira Viana.
— Isso não é razão, — contestou o monarca; — a fé republicana não o impede de ser um bom professor.
— Depois, é um ateu.
— Ainda menos, — tornou o soberano. — Todas as crenças podem ser admitidas, desde que sejam sinceras.
Ferreira Viana sentiu-se vencer, e reagiu:
— Bem. Vossa Majestade, dispensa no civil, mas eu não dispenso no religioso!
E fechou a questão.