Alfredo Pujol — "Machado de Assis", pág. 28.

Francisco Ramos Paz, que legou à Academia Brasileira de Letras a sua coleção de clássicos e dez contos de réis em apólices, e que transmitiu a Machado de Assis o amor à boa linguagem, era português de nascimento e veio da sua terra aos nove anos de idade. A bordo, um passageiro perguntou-lhe se já sabia ler.

— Sei, sim, senhor — respondeu o pequeno.

O passageiro deu-lhe um livro que tinha consigo.

— Leia, então.

Ramos Paz abriu a brochura na primeira página (era o prólogo), e soletrou, pausadamente, acentuando cada sílaba:

— Pró-ló-gó...

— Muito bem, — declarou o desconhecido.

E batendo-lhe no ombro:

— É mais um jumento que vai para o Brasil!