Osvaldo Cruz — Discurso na Academia Brasileira de Letras, 1913
O temor de lavrar uma sentença injusta, fizera de Raimundo Correia um tímido, um irresoluto, diante das menores coisas da vida. Saltara ele em uma estação da Central rumo de Minas, afim de comprar um par de sapatos para uma das filhas, quando se pôs a conjeturar:
— Deve ser azul... É melhor... é cor do céu... as moças gostam mais do azul...
E pegando em outro:
— Ou vermelho?... É a cor da alegria... do sangue... da mocidade...
O trem apitou.
— Vai o azul. Embrulhe o azul!
Correu a tomar o carro, que já se punha em marcha. E já da janela do vagão, agitando um embrulho, para uns amigos que o tinham ido abraçar na passagem:
— Antes tivesse trazido os vermelhos!...