Foi um contentamento para o comendador Felisberto a notícia, que a esposa lhe dera, de que lhe ia oferecer, em breve, um pequeno herdeiro do seu nome, e, sobretudo, da sua fortuna.
— É verdade isso? — exclamou o velho capitalista, contendo os ímpetos do coração.
E como fosse fraco dos nervos, desatou a chorar de satisfação, ensopando de lágrimas de felicidade o seu alvo lenço de linha, vasto como um lençol.
A generosidade do comendador, durante os meses de expectativa, foi espantosa. Fraldas, camisinhas, sapatinhos de lã, barretinhos de seda, tudo isso entrava em quantidade pela porta do palacete, em que dona Enedina engordava contente, esperançada com a idéia de ter, enfim, uma criaturinha do seu sangue.
Passou-se, porém, o quinto mês. E o sexto. E o sétimo. Este último, passou-o o velho capitalista a procurar, sorridente, um nome para o pirralho. E concluiu:
— Se for homem, chamar-se-á Benevenuto.
— E se for mulher? — indagou a esposa.
— Terá o nome da mãe. Será, também, Enedina...
Antes do oitavo mês, o comendador mandou a esposa para a Europa. E trinta dias depois, recebia o seguinte telegrama:
"Comendador Felisberto Maia — Rio. — Extrai fibroma. Saudades — Enedina".
Para o capitalista, essa notícia foi um choque. E foi furioso, apoplético de raiva, que respondeu imediatamente:
"Madame Felisberto Maia — Paris — Combinação aqui foi dar outro nome criança. Caso insista dar nome Fibroma recém-nascido suspenderei mesada — Felisberto".
E respirou, com força. Era pai...