O José da Sumaca era um preto, um crioulo,
Que, como nós, nascera em Santa Catarina,
Sofreu a infância, haurindo-a golo a golo:
Talhara um deus sua alma em rocha cristalina.
 
Como igrejinha azul em moital de colina
Pintou de céu seu barco, e em águas verdes foi pô-lo;
Daí essa criação graciosa e feminina
Foi-lhe vida, aflição, família, amor, consolo.
 
Furioso um dia o sul soprou de tal maneira
Que espetou-se o barquinho às pontas do rochedo;
Soube-se, e tudo veio à praia de carreira.
 
O dia todo, a noite até de manhã cedo,
Contra as ondas lutou-se; e assim que ele as vencera,
Abriu um grande vôo branco ao vento tredo.