Desejoso de mostrar ao Paulino de Abreu, seu velho amigo do norte, recentemente chegado ao Rio de Janeiro, os aspectos mais curiosos da cidade, o Lobato Batista levou-o ao Pão de Açúcar, ao Corcovado, à Gávea, ao Jardim Botânico, a Paquetá, aos lugares, em suma, que lhe pareceram originais ou pitorescos. Farto de natureza, o nortista pediu-lhe, afinal, um dia:

— Eu queria visitar uma casa "chic"... Sabes?

— Uma casa de chá?

— Não, filho; coisa mais discreta. Um desses lugares alegres, em que a gente dança, bebe, pula, se diverte. Compreendes?

— Ahn! Compreendo, — fez o outro. — Queres ir numa pensão galante, não é?

O pernambucano confirmou a expressão e o Lobato, que fora sempre um homem sério, grave, sisudo, começou a pensar como seria isso.

— Achei! — exclamou, de repente, batendo na testa. — Vou levar-te à casa da Judith!

Essa Judith, que o Batista Lobato conhecia por informações de amigos, era uma italiana velha, gorda, oxigenada, famosa pelas suas funções de alcoviteira. E foi para o antro da megera que o carioca levou o companheiro, subindo, um atrás do outro, a escadaria coberta por uma passadeira carmesim. Em cima, Lobato baixou-se, olhando pelo buraco da porta do corredor, por onde se divisava a sala das inquilinas, lá dentro. Engastado o olho na cavidade da fechadura, recuou, de repente, convidando o outro.

— Vamos descer, Paulino?

— Por que? Vamos entrar... Anda!

— Não; não entres!

— Mas, eu sou um homem, filho! — obtemperou o nortista. — E não sou tão pudico assim, que não possa ver estas coisas!

— Mas, eu não posso entrar! — insistiu o pobre Batista.

E puxandoo amigo, escada abaixo:

— Minha mulher está aí dentro, e me passaria uma descompostura, se me visse num lugar destes!