Quando se divulgou pela cidade a notícia de que Alexandre da Gama assassinara a mulher com sete punhaladas, ninguém atinou com o motivo daquele crime. Sabia-se, apenas, que os dois haviam passado a tarde fora de casa, e que, na volta, se haviam empenhado numa discussão, que terminou naquela desgraça.
Um repórter conseguiu, porém, descobrir tudo. Supersticiosos os dois, tinham o Alexandre e a esposa, convencionado procurar uma cartomante, para sondarem o poço misterioso do seu destino.
— Toma: leva dez mil réis para a consulta, — dissera o Alexandre.
E metendo, por seu turno, dez mil réis no bolso do colete, ganhara a rua, combinando um encontro às seis em ponto, em frente à casa da bruxa.
À hora aprazada encontraram-se.
— Que te disse ela? Indagou o rapaz, ansioso.
— Boas coisas — informou a Rosita.
— Disse-te que ias ter filhos?
— Disse.
— Quantos?
— Três.
— Como?
— Três, — confirmou a rapariga.
O Alexandre ficou vermelho.
— E como é — rugiu, — que ela me disse que eu só teria um?
Horas depois, dava-se o crime.