Um velho soldado
Um dia por terra
A espada atirou;

Da guerra cansado,
Com nojo da guerra.
As armas quebrou.

Entre elas estava
Trombeta esquecida:
Era ela que no ar

Os toques soltava,
E à luta renhida
Tocava a avançar.

E disse: “Meu dono,
É justo que a espada
Tu quebres assim!

Mas que, no abandono,
Fique eu sossegada!
Não quebres a mim!

Cantei tão somente...
Não sejas ingrato
Comigo também!

Eu sou inocente:
Não piso, não mato,
Não firo a ninguém...

Nas horas da luta
Alegre ficavas,
Ouvindo o meu som.

Atende-me! escuta!
Se então me estimavas,
Agora sê bom!”

E o velho guerreiro
Lhe disse: “Maldita!
Prepara-te! sús!

Teu som zombeteiro
As gentes excita,
À guerra conduz!”

Terrível, irado,
Jogou-a por terra,
Sem dó a quebrou...

E o velho soldado,
Cansado da guerra
Por fim repousou.