Deste malvado o leão éreo em brasa, o tormento
Do ecúleo, que o espedaça, o hediondo pesadelo,
Que o arrasta ao esgoto, à unha amarrado o cabelo,
Como folha que joga em redemoinho o vento;
 
A serpente, que o enrosca, e o torce num novelo,
Cuspindo-lhe na boca um visgo peçonhento;
Que às órbitas lhe arranca os dois olhos, num zelo,
Num luxo de quem quer pungir a fogo lento;
 
Essa dança macabra, onde ulula a tortura,
Onde o crime flagela o crime, e em horrendo bródio
A própria infâmia em si açoita a vil criatura:
 
É ver que há para o bom sempre um anjo custódio,
Que lhe anda a rir em torno a festa da ventura,
Enquanto, à alma agarrado, o rói um verme — o ódio.