O derradeiro amor de Byron

Et, puisque tôt ou tard l'amour huntain s'oublie,
Il est d'une grande âme et d'un heureux destin?
D'aspirer comme toi pour un amour divin!
 
ALFRED DE MUSSET

I

Num desses dias em que o Lord errante
Resvalando em coxins de seda mole...
A laureada e pálida cabeça
Sentia-lhe embalar essa condessa,
Essa lânguida e bela Guiccioli ...
 

II

Nesse tempo feliz... em que Ravena
Via cruzar o Child peregrino,
Dos templos ermos pelo claustro frio...
Ou longas horas meditar sombrio
No túmulo de Dante — o Gibelino...
 

III

Quando aquela mão régia de Madona
Tomava aos ombros essa cruz insana...
E do Giaour o lúgubre segredo,
E esse crime indizível do Manfredo
Madornavam aos pés da Italiana ...
 

IV

Numa dessas manhãs... Enquanto a moça
Sorrindo-lhe dos beijos ao ressábio,
Cantava como uma ave ou uma criança...
Ela sentiu que um riso de esperança
Abria-lhe do amante lábio a lábio...
 

V

A esperança! A esperança no precito!
A esperança nesta alma agonizante!
E mais lívida e branca do que a cera
Ela disse a tremer: — "George, eu quisera
Saber qual seja... a vossa nova amante".
 

VI

— "Como o sabes?. . . " — "Confessas?" — "Sim! confesso. . . "
— "E o seu nome. . . " — "Qu'importa?" — "Fala Alteza!. . . "
— "Que chama douda teu olhar espalha,
És ciumenta?. . . " — "Mylord, eu sou de Itália!"
— "Vingativa?. . . " — "Mylord, eu sou Princesa!. . . "
 

VII

— "Queres saber então qual seja o arcanjo
Que inda vem m'enlevar o ser corruto?
O sonho que os cadáveres renova,
O amor que o Lázaro arrancou da cova
O ideal de Satã?. . . " — "Eu vos escuto!"
 

VIII

— "Olhai, Signora... além dessas cortinas,
O que vedes?. . . " — "Eu vejo a imensidade!. . . "
— "E eu vejo. .. a Grécia... e sobre a plaga errante
Uma virgem chorando..." — "É vossa amante?..."
— "Tu disseste-o, Condessa!" É a Liberdade!!!. . ."