Em Deus um luxuoso Heliogabalo vejo,
Que abriu no espaço um circo, e do alto a luta assiste
De sóis vencendo os sóis; e o sangrento festejo,
Eterno e sem repouso, oh! jamais o fez triste.

Não tendo outro prazer, não tendo outro desejo,
Criou o amor, que equilibra o universo, e consiste
Em unir uma flor a outra flor num beijo,
Como eu me uni a ti, como a ti tu me uniste.
 
De venábulos, rindo, afiados de perguntas
Me encheste: eu tinha as mãos frias, trêmulas, juntas;
Abri, fechei um livro, olhei-te: olhei de fronte
 
E ao longe, ao poente; o sol entrava a áurea arcaria
De incendiada Alhambra; o oiro em brilhos fundia...
Voltei-me: e em teu olhar chameava inda o horizonte!...