Eu não imploro nunca aos deuses superiores:
No meu orgulho sei que rirão de piedade;
Eles conhecem bem a pobre humanidade,
E a jaula onde está preso o cão de nossas dores.

Ninguém sai de si mesmo, e sai dos seus horrores,
Somos isto: não há mudar na eternidade:
Há para nós em tudo uma cumplicidade;
Levas contigo o mal sem fim, para onde fores.

O mal, obra que acusa um grande pensamento,
O mal, que prende o céu à terra, o mar ao vento,
O mal, do qual um deus foi exímio escultor;

Que é deus mesmo, — e será? eu dentro em mim pergunto, -
Que encosta o dia à noite, e o pranto ao rir põe junto,
O mal único, o mal, que é todo o mal, — é o amor.